Conversas se intensificaram depois que JBS e Marfrig entraram na produção de carne de frango; diversificação e acesso ao varejo são estratégicos.
A Cooperativa Central Aurora, de Santa Catarina, está na mira do frigorífico Minerva.
as diretorias têm mantido conversas nas últimas semanas, especialmente depois que Marfrig e JBS-Bertin, os dois concorrentes maiores do Minerva, adquiriram negócios em frangos e suínos.
"O Minerva está nos namorando, mas somos uma noiva difícil", diz o presidente da Aurora, Mário Lanznaster.
O frigorífico de Barretos (SP) precisa acompanhar a tendência de diversificação, já que hoje atua apenas em carne bovina. A Aurora, pelo contrário, só trabalha com a produção de aves, suínos e lácteos.
No mês passado, o Marfrig adquiriu a Seara, de aves e suínos, e o JBS fundiu-se com o Bertin (também de bovinos), depois de arrematar a Pilgrim's Pride, terceira maior em aves nos Estados Unidos.
Além de agregar novos negócios ao portfólio de proteínas animais, a Aurora daria ao Minerva o acesso ao varejo com uma marca conhecida, como já possuem JBS e Marfrig.
Hoje, embora tenha mais foco no processamento de carne que no abate de bovinos, o Minerva não chega até o consumidor. A força da marca Aurora poderia ser transferida para produtos de consumo de carne bovina.
Independentemente da diversificação de atividades, considerada estratégica, o Minerva precisa crescer porque ficou pouco expressivo mesmo no setor de bovinos, depois das recentes fusões e aquisições dos concorrentes.
Desconsiderando o frigorífico Independência, que está em recuperação judicial, o Minerva é hoje o terceiro maior no país em capacidade de abate, mas está muito atrás dos líderes.
"Há muita gente de olho no Minerva: ou eles compram alguém ou serão comprados", avalia a analista Lygia Pimentel, da consultoria especializada Scot.
Crise
Com faturamento de R$ 2,7 bilhões em 2008, a Aurora sofreu com os efeitos da crise, e teve que receber ajuda financeira das 16 cooperativas donas do negócio. O pagamento dos fornecedores, que era feito em 14 dias, hoje demora 35 dias.
Apesar disso, as cooperativas mantêm-se firmes na ideia de ficar com a central industrial. Pelo menos por enquanto.
Segundo Lanznaster, houve "muitos" contatos, de várias empresas do negócio de carne bovina, querendo a Aurora para diversificar as atividades.
Com o Minerva, "às vezes batemos papo, mas nada que tenha sido levado aos cooperados (membros das cooperativas)", afirma.
Na opinião de Lanznaster, o que chama a atenção para a Aurora é sua eficiência e produtividade, além do fato de ainda estar sozinha em um mercado em consolidação.
"A Aurora é a menina dos olhos", diz o presidente da cooperativa.
Veículo: Jornal Brasil Econômico