Por mais uma semana, os analistas do mercado financeiro elevaram suas estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010 e para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Mas, nesta semana, a pesquisa semanal Focus, divulgada pelo Banco Central e realizada com cerca de 100 economistas, trouxe sinais mais favoráveis em termos de expectativas de inflação.
É que a projeção de alta para o IPCA nos próximos 12 meses teve ligeiro recuo, de 4,83% para 4,81%, e as cinco instituições que mais acertam projeções (Top 5) também estabilizaram suas estimativas para 2010 e 2011 em, respectivamente, 5,42% e 4,71%.
Segundo o analista-sênior para América Latina do banco BNP Paribas, Diego Donadio, os sinais dados pela Focus refletem os discursos e as ações do governo de que não pretende deixar a economia ficar superaquecida e tolerar inflação sair da meta. Nesse sentido, ele destacou a sinalização de que a política monetária seguirá mais dura, pelo Banco Central, e de que o governo congelou gastos de R$ 10 bilhões, do lado do Ministério da Fazenda.
"A postura do governo dá sinais de que vai estancar o processo de deterioração das expectativas", disse Donadio, que deu ênfase à importância do corte no Orçamento, anunciado na semana passada. Segundo o analista, a medida, além de ajudar a conter a demanda interna, tem uma relevância maior em termos de sinalização do governo em um mundo cuja grande preocupação está voltada aos problemas fiscais de vários países. "Depois de resultados ruins no início do ano, o governo se compromete com cortes de gastos. Muito além do volume de R$ 10 bilhões que será congelado, o importante é a sinalização."
Crescimento. Apesar dos sinais de melhora nas expectativas inflacionárias que podem ser captados na leitura da Focus, é importante destacar que ela ainda traz sinais contrários, piores. A mediana das projeções de todos analistas consultados para o IPCA de 2010, por exemplo, subiu pela 17.ª vez seguida, passando de 5,5% para 5,54%. Para 2011, para onde cada vez mais a política de juros está se direcionando, a perspectiva para o IPCA ficou estável em 4,8%.
O mercado elevou mais uma vez a projeção de crescimento do PIB para 2010, de 6,26% para 6,3%. Se de um lado crescer mais é uma notícia positiva, por outro, o excesso de crescimento pode ser ruim para a economia, aumentando o risco de inflação, se não houver capacidade de atender à crescente procura de bens e serviços.
Veículo: O Estado de São Paulo