Brasil perde espaço em venda para China

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Aumento das exportações brasileiras não acompanha ritmo da média das compras do seu principal parceiro

 

Nos EUA, aumento do superavit chinês fez crescerem pressões para que governo tome medidas contra o yuan

 

As vendas da China para o exterior cresceram expressivamente em maio, mostrando que seu comércio ainda não foi afetado pela crise na Europa. Para o Brasil, porém, as notícias não foram tão positivas, já que perdeu espaço no comércio com a China.
Tanto as exportações como as importações cresceram 48%, o que permitiu à China ter um superavit de US$ 19,5 bilhões -US$ 17,8 bilhões mais que em abril.

 

Esse aumento no superavit deve aumentar as pressões norte-americanas para que Pequim permita a valorização do yuan (a moeda chinesa), que está atrelado ao dólar desde meados de 2008, o que facilita as exportações do país asiático.

 

Com o Brasil, no entanto, os resultados são bem diferentes. As vendas de produtos chineses cresceram mais que o dobro da média global (110%), enquanto as exportações brasileiras para seu principal parceiro comercial não acompanharam o mesmo ritmo, avançando 25%.

 

Essa disparidade, ainda que não tenha tornado o comércio deficitário para o lado brasileiro, fez com que o país perdesse espaço nas importações chinesas. As vendas brasileiras representaram 2,3% de tudo que a China comprou nos cinco primeiros meses deste ano -essa participação era de 2,53% no mesmo período de 2009.
Até maio, o Brasil mantém superavit de US$ 4,2 bilhões com a China, valor que é 6% inferior ao registrado no mesmo período de 2009.

 

O Brasil compra da China principalmente produtos industrializados, como máquinas, motores e dispositivos de LCD. Já a venda brasileira é formada, em sua maioria por produtos básicos (minério, soja, frango etc.) e semimanufaturados (celulose).

 

MOTIVOS

 

Para o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior, Roberto Segatto, a composição dos itens que o Brasil exporta para a China explica por que as vendas do país se aceleraram menos.

 

Isso porque, diz, a China não está mantendo o mesmo nível de estoque de produtos agrícolas e minerais devido em parte à crise Europa.
Ele afirma que a alta nas exportações é explicada em parte pelo dólar barato, que facilita a aquisição de itens chineses, como motores usados nos vidros de carros.
"Para produzir aqui, com a carga tributária perto de 40%, fica mais barato comprar da China."

 

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o problema principal nas relações comerciais é a desvalorização do dólar e não a da moeda chinesa.

 

Nos EUA, porém, a questão do yuan desvalorizado voltou ontem a ganhar força. O Senado ameaça aprovar lei que restringe as importações de produtos chineses.
O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, defendeu no Senado que o superavit da China com os EUA caiu pela metade e que as exportações americanas estão crescendo.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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