Crédito fica mais restrito. E mais caro

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Empresas de varejo e companhias com indicadores de endividamento menos saudáveis têm maiores restrições

 

As instituições financeiras ficaram muito mais rígidas ontem para liberar os créditos de desconto de duplicatas, o que fez praticamente secar as linhas de financiamentos para companhias que não são consideradas de primeira linha, segundo os critérios de classificação de risco seguidos pelos bancos.

 

A concessão de empréstimos ao consumidor também está mais seletiva, com taxas maiores e prazos menores. Ontem,a deterioração do cenário desencadeou uma série de rumores de que os grandes bancos teriam fechado suas linhas de crédito ao consumo. A informação foi desmentida categoricamente pelas instituições e considerada sem fundamento. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse que vai conferir o rumor.

 

De qualquer forma, as condições para os consumidores estão mais apertadas. “Com a redução da liquidez, os bancos começam a escolher para quem dar crédito”, disse o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Adalberto Savioli. “Hoje não se financia 100% de um bem. O prazo está mais curto e as taxas, 3% mais caras.” O mesmo foi relatado pelo presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Montenegro. Segundo ele, já há exigência de entrada de 10% a 30% para a compra de um carro.

 

Nas linhas para pessoa jurídica, o tranco no crédito foi sentido especialmente por empresas de varejo que precisam de recursos para financiar o consumidor e indústrias que não apresentam bons indicadores de endividamento em relação ao patrimônio líquido. “O momento está muito difícil para empresas que têm indicadores com problemas”, disse uma fonte.

 

Para as empresas tidas como muito seguras, há dinheiro para capital de giro, só que a um custo muito mais elevado. Em 20 dias, houve um crescimento de 30% a 40% nas taxas para desconto de duplicatas, de 1,1% ao mês para 1,6%. Além do aumento dos juros e da restrição no crédito, grandes redes varejistas e indústrias paralisaram as negociações para compra de mercadorias. Nesse caso, o que está atrapalhando é a cotação do dólar, que ontem fechou em R$ 2,20.

 

Para o diretor da Federação das Indústrias do Estados de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, as empresas estão se virando para obter crédito. Apesar disso, no fim da tarde de ontem ele tinha reunião com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) para avaliar o cenário. Também a Eletros, de fabricantes de eletrônicos, cuja venda é movida a crédito, tem encontro na quinta-feira com o mesmo objetivo. “Ninguém está tranqüilo”, disse o presidente da Eletros, Lourival Kiçula. A expectativa do setor, de fechar 2008 com crescimento de 15%, foi revista para 12% e depois para 10%.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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