Brasil não vai fazer concessões em têxteis, automóveis e máquinas

Leia em 2min 10s

Resistências devem limitar impacto de acordo comercial com outros dez países emergentes e o Mercosul

 

O Brasil não fará concessões no setor têxtil, automotivo e de bens de capital em acordo com outros dez países emergentes e o Mercosul. Nesta semana, diplomatas desses países tentam fechar em Genebra um entendimento comercial para ampliar o fluxo de exportações e dar um recado político de que o mundo em desenvolvimento não ficará aguardando um avanço da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

 

Mas o impacto comercial do novo tratado deve ser limitado. O Brasil, principal incentivador do projeto, não aceitará reduzir tarifas de importação para os setores considerados sensíveis. Muitos dos demais países, como a Coreia do Sul e o Egito, rejeitam incluir produtos agrícolas na lista, impedindo a ampliação das exportações brasileiras.

 

No fim de 2009, ministros aproveitaram uma reunião em Genebra para anunciar um acordo Naquele momento, o anúncio serviu como arma para demonstrar que a culpa pelo fracasso de um tratado de liberalização maior seria dos países ricos.

 

Mas, ao trocar listas de produtos de cada pais, a constatação dos negociadores é de que muito vai ficar de fora. O projeto entre os emergentes foi lançado em São Paulo em 2004 por iniciativa do Brasil. O Itamaraty, desde então, teve de reduzir suas ambições para o que ficou conhecido como Rodada São Paulo. No lugar de um corte de 40% de tarifas entre os emergentes, o acordo estabeleceu uma redução de 20%.

 

A liberalização será válida para 70% do comércio de um país. Praticamente um a cada três produtos em cada país poderá continuar a ser protegido

 

Impacto. Há décadas os emergentes tentam um acordo. Nos anos 80, o mesmo projeto fracassou. Agora, a opção foi por um entendimento apenas para facilitar o comércio, e não para acabar com tarifas. No caso do Brasil, a hesitação em abrir ocorre diante da presença da Coreia do Sul, um importante exportador de veículos, e de exportadores de têxteis, como Egito e Paquistão.

 

O governo admite que, por enquanto, não sabe qual pode ser o impacto do acordo para as exportações nacionais. Há dois anos, o ex-embaixador do Brasil em Genebra, Clodoaldo Hugueney, chegou a dizer que o acordo poderia facilitar a exportação de cerca de 15% do total das vendas do País no exterior. A ONU também já fez seus cálculos. Mas deixou claro que as exportações asiáticas seriam as mais beneficiadas com o projeto.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Governo vai lançar pacote para conter alta do real

Tesouro colocará títulos da dívida no Fundo Soberano, que os venderá   Governo estuda...

Veja mais
Cai diferença entre inflação projetada e registrada

Diminuição da surpresa inflacionária reduz juro   A surpresa inflacionária no Brasil ...

Veja mais
Com pressão externa, alimentos voltam a impactar inflação

Conjuntura: Expectativa de analistas é que contágio nos preços ao consumidor já apareç...

Veja mais
Indústria brasileira resiste a acordo com UE

Otimista, a ponto de anunciar a intenção de fechar um acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) a...

Veja mais
Com automóveis, vendas sobem 1,2% em julho

Para IBGE, renda e emprego em alta vão garantir um bom resultado para o varejo no fim do ano   As vendas d...

Veja mais
BC vai atuar no mercado futuro de dólar

Real teve valorização de 4% na comparação com uma cesta de 15 divisas; governo teme especula...

Veja mais
Juros e preços podem subir em 2011 com quebra de safras

O mercado financeiro aposta que o próximo governo terá no início de seu mandato uma pressão ...

Veja mais
Mercado contraria BC e volta a elevar projeção de inflação para 2011

O mercado reforçou as apostas na direção contrária à visão, divulgada na ata d...

Veja mais
Classes C e D compram mais e buscam qualidade e bom preço

As redes de supermercados apostam no aumento do poder de compra das classes “C e D” para expandir os neg&oac...

Veja mais