Banco Central faz venda direta de US$ 1,5 bi para baixar dólar

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Leilões desse tipo, que usam dinheiro de reservas, não eram realizados há mais de cinco anos

 

Diante da piora da crise financeira, o Banco Central decidiu reforçar sua atuação no mercado cambial. Ontem, a autoridade monetária retomou os leilões de venda direta de dólar, sem o compromisso de recompra. A operação, que retira dólares das reservas internacionais e repassa aos bancos, não era realizada há mais de cinco anos.

 

O BC também vendeu pelo terceiro dia consecutivo contratos de swap cambial, usados para a proteção contra variação do câmbio. Estimativas do setor privado indicam que, juntas, as duas ações podem ter posto até US$ 2,8 bilhões no mercado. Com isso, o dólar teve a primeira queda após cinco altas consecutivas e terminou o dia a R$ 2,28.

 

Para tentar amenizar o drama nas mesas de operações do mercado de câmbio na manhã de ontem, o BC fez vários leilões de venda de dólares. Com as cotações próximas à máxima de R$ 2,45 nos primeiros negócios, a autoridade monetária realizou três ofertas em pouco mais de uma hora.

 

O primeiro leilão ocorreu às 10h13, com o dólar vendido a R$ 2,4485. Com a atuação, as cotações passaram a cair. Meia hora depois, às 10h43, o segundo leilão foi feito com cotação de R$ 2,3700. Pouco tempo depois, às 11h29, a terceira intervenção teve mais baixa ainda, de R$ 2,3560.

 

O Banco Central não informa a quantidade de dólares vendidos nesses leilões. Consultadas, algumas mesas de câmbio estimaram que o BC pode ter repassado de US$ 1,3 bilhão a US$ 1,5 bilhão em dinheiro vivo.

 

Os negócios também tiveram a ajuda de mais um leilão de contratos de swap cambial. Esse instrumento equivale a uma venda indireta de dólares e é usado por bancos e empresas que têm dívidas em moeda estrangeira e precisam de proteção contra a variação cambial. No terceiro dia seguido com leilão desse tipo de contrato, o BC colocou US$ 1,303 bilhão em swaps cambiais. Somadas, as intervenções de ontem atingem até US$ 2,8 bilhões, segundo algumas mesas de câmbio.

 

Somadas, todas as intervenções do BC (leilões de dólar com e sem revenda e swap) feitas desde o início do período mais crítico da crise, em meados de setembro, já colocaram cerca de US$ 7,4 bilhões no mercado.

 

O tipo de atuação do Banco Central no câmbio depende da natureza dos problemas constatados pela autoridade monetária nesse mercado, segundo informou uma fonte do BC à Agência Estado. “Não há nenhum compromisso com determinada forma de atuação. O tipo será determinado pelas condições de mercado”, disse a fonte, explicando que as vendas à vista de dólares realizadas hoje e as operações de swap cambial ocorreram porque foram identificados problemas no mercado à vista e futuro.

 

No caso das vendas de dólares, a opção por não fazer a operação com compromisso de recompra se deveu ao fato de que as instituições estavam demandando a moeda americana sem desejar devolvê-la ao Banco Central no futuro.

 

Segundo a fonte, o BC busca assegurar um funcionamento adequado para o mercado de câmbio, sem cercear ajustes na cotação do dólar e tentando preservar as reservas internacionais. “A cotação não é o foco. Nós procuramos normalizar a situação de mercado”, disse a fonte, avaliando que os leilões de venda realizados conseguiram de tarde tornar as condições de mercado mais próximas da normalidade.

 

TESOURO

 

A falta de parâmetros de preços no mercado financeiro obrigou o Tesouro Nacional a tirar do ar entre 10h e 11h30 da manhã de ontem as vendas de títulos indexados à inflação e com correção prefixada pela internet. O Tesouro suspendeu a venda e recompra desses papéis pelo programa Tesouro Direto, apenas para investidores pessoa física. As operações com papéis atrelados à Selic foram mantidas.

 

Segundo o Tesouro, o objetivo da suspensão foi proteger os investidores, já que as taxas de negociação não refletiam as condições do mercado.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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