Projeção da entidade é a mais severa desde a crise alimentar de 2007; inflação já afeta de forma negativa a balança comercial de cerca de 70 países
Os preços de alimentos atingiram a maior alta em dois anos e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alerta que o aumento tem tudo para continuar em 2011.
No relatório anual publicado ontem, a entidade afirma que o mundo deve se preparar para um cenário de alta de preços de alimentos e inflação que já afeta de forma negativa a balança comercial de cerca de 70 países. As primeiras projeções são de que os alimentos devem ficar até 20% mais caros em 2011 diante de safras abaixo do esperado e da especulação com as commodities.
Para a FAO, a conta da importação de alimentos no mundo vai superar a marca de US$ 1 trilhão em 2010, 26% a mais que no ano passado. Com isso, deve atingir praticamente os mesmos níveis dos anos da crise alimentar (2007-08). A projeção é a mais severa já feita pela FAO desde 2007, quando a alta nos preços de alimentos desestabilizou governos e levou milhares de pessoas a protestar em 25 países.
"Consumidores hoje não têm outra alternativa que a de pagar mais por seus alimentos. O tamanho da safra em 2011 está se tornando cada vez mais crítico. Para que os estoques sejam refeitos e os preços voltem à normalidade, uma expansão importante da produção será necessária", alertou a FAO. Para a entidade, "os países precisam continuar vigilantes sobre seus estoques".
Nos últimos meses, os preços do milho e trigo subiram em 40%. Farinha de mandioca, manteiga e açúcar estão registrando os maiores preços em 30 anos. Já a carne e o pescado estão com seus preços acima de 2009. Isso sem falar no algodão, com os maiores preços em 140 anos. No geral, a inflação nos alimentos é 15% maior que a de 2009.
Veículo: O Estado de S.Paulo