Mercado eleva previsão de inflação para 5,15% em 2011

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A projeção de analistas do mercado financeiro para a inflação oficial - Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - apresentou alta pela décima semana seguida. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a inflação para 2010 passou de 5,48% para 5,58%. Para 2011 a projeção passou de 5,05% para 5,15%.

 

A projeção para o índice este ano e em 2011 está acima do centro da meta de inflação de 4,5%, mas ainda dentro do limite superior de 6,5%.

 

O boletim também traz a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que passou de 6,06% para 6,13%, este ano, e de 4,71% para 4,83% em 2011.

 

A estimativa para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu de 10,36% para 11,02%, este ano, e permaneceu em 5,26%, em 2011.

 

A expectativa para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) este ano foi ajustada de 10,59% para 10,89%. Para o próximo ano, passou de 5,35% para 5,30%.

 

Para o professor de Finanças da FGV-EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), Fabio Gallo Garcia, esta alta na expectativa da inflação vem ocorrendo nas últimas semanas devido particularmente aos preços dos alimentos.

 

"O mercado já havia percebido a manutenção da tendência de crescimento nos preços. No entanto, num primeiro momento, a expectativa dos analistas era que fosse algo sazonal, mas a persistência na subida de preços e com o final de ano se aproximando foi percebido que o movimento atual indica que a alta da inflação está fugindo da meta do Banco Central", informou Garcia.

 

Um dos meios de controle da inflação utilizados pelo Banco Central é a taxa de juros, Selic. Segundo o Boletim Focus desta semana, a Selic deve encerrar o ano em 10,75%, valor idêntico ao da leitura passada e para 2011 a taxa de juros deverá ser de 12%.

 

Desta maneira, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 7 e 8 de dezembro, não estão previstas alterações na Selic.

 

Sobre a manutenção da taxa Selic, Gallo acredita que será mantida na próxima reunião do Copom. "Entretanto, com a persistência inflacionária e nada indicando que os gastos públicos serão controlados deveremos ter aumento da taxa básica de juros no ano de 2011", pondera.

 

Ainda de acordo com o boletim, o mercado financeiro manteve a projeção de crescimento da economia brasileira para 2010 em 7,6%. Para 2011, a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é de 4,5%.

 

A estimativa para a produção industrial em 2010 foi novamente reajustada para baixo, ao sair de 11,07% para 11,00%. Para o ano que vem, a projeção para a expansão da indústria subiu de 5,25% para 5,40%.

 

A projeção dos analistas para os preços administrados (valores cobrados por serviços como energia elétrica, telefonia e água) permaneceu em 3,5% para 2010, e caiu de 4,6% para 4,5%, em 2011.

 

O mercado manteve as previsões para o déficit nas contas externas em 2010. A previsão para o déficit em conta corrente neste ano é de US$ 50 bilhões. Para 2011, a previsão de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos subiu de US$ 68,00 bilhões para US$ 68,06 bilhões.

 

Com relação ao déficit nas contas públicas, Gallo diz que "o Brasil ainda tem reservas que permitem suportar esta situação, mas isto não é algo que pode ser mantido indefinidamente. O governo tem pela frente a administração da atual crise cambial dentro de um cenário internacional que não tem se mostrado dos mais animadores. Não adianta dizer que há instrumentos de política cambial para segurar essa situação, em algum momento teremos que buscar um nível de juros mais baixo para reduzir o interesse de investimento no real. Por isso, o governo deverá usar o conjunto de políticas cambiais, monetárias e fiscais para buscar o equilíbrio de nossas contas."

 

Já a previsão de superávit comercial em 2010 seguiu em US$ 16 bilhões. Para 2011, a estimativa para o saldo da balança comercial permaneceu em US$ 8 bilhões. Analistas não alteraram a estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2010, de US$ 30 bilhões. Para 2011, a previsão caiu de US$ 37,0 bilhões para US$ 36,0 bilhões.

 

A projeção para a cotação do dólar ficou em R$ 1,70, ao final deste ano e em R$ 1,75 para 2011.

 

A projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB foi ajustada de 40,55% para 40,50%, em 2010, e de 39,60% para 39,50%, em 2011.

 


Veículo: DCI


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