Argentina amplia restrições ao Brasil, que poderá retaliar

Leia em 2min 30s

Vizinho decide aumentar protecionismo; governo brasileiro tentará reverter essa decisão em dezembro

 

Conexões de ferro vendidas por fábrica brasileira de autopeças tiveram imposto elevado para 143%

 

O governo argentino abriu uma ação comercial contra uma fabricante de peças de automóveis. A medida mostra a disposição do país vizinho de aumentar o protecionismo contra o Brasil.

 

A primeira reação do governo brasileiro será de tentar reverter a ação comercial em reunião com o governo argentino nos dias 2 e 3 de dezembro. O presidente Lula também deve abordar o assunto com a colega argentina, Cristina Kirchner, na reunião da Unasul, na sexta.

 

A Folha apurou que, se o país vizinho não ceder e, ao contrário, tomar novas medidas protecionistas, o Brasil promete retaliar.

 

A primeira reação será recorrer à OMC, mas outros mecanismos podem ser usados, como as chamadas licenças não automáticas de importação, que atrasa a liberação de mercadorias importadas e desestimula essas vendas.

 

Um integrante da equipe econômica lembrou que as importações de peças do Brasil são fundamentais para as montadoras de automóveis argentinas, que exportam carros de volta para o Brasil.

 

Se o governo brasileiro restringir essas vendas, muitos empregos serão perdidos no país vizinho.

 

O alvo do governo argentino foi a fabricante de peças de automóveis Tupy, controlada pelo BNDESpar e pelo fundo de pensão Previ, dos funcionários do BB.
A empresa confirmou à Folha que, na sexta-feira passada, a Argentina impôs uma ação antidumping, aumentando para 143% o Imposto de Importação de conexões de ferro brasileiros que forem vendidos ao país. A Tupy é a única fabricante nacional desse produto.

 

A empresa informou à Folha, pela assessoria de imprensa, que seu principal mercado no exterior são os EUA e também vende para Europa e Oriente Médio. As restrições impostas pela Argentina não terão grande impacto no faturamento.

 

GUERRA COMERCIAL

 

A guerra comercial entre Brasil e Argentina teve um capítulo recente. Em outubro de 2008, o país vizinho adotou medidas protecionistas contra os produtos nacionais, usando as licenças não automáticas de importação.

 

O Brasil retaliou em janeiro do ano passado, com as mesmas licenças.
A medida contra a Tupy vale por cinco anos e foi adotada também contra a China, mas com alíquota de 295%.

 

Segundo o Ministério da Indústria da Argentina, a decisão foi tomada com base num relatório da Secretaria de Indústria e Comércio, que detectou prejuízos na indústria nacional causados por importações que configuravam dumping.

 

As duas empresas nacionais, Dema e Águila Blanca, que empregam 500 funcionários, haviam perdido participação no setor, caindo de 37% em 2006 para 22% em 2009. Simultaneamente, as importações do Brasil passaram de 30% para 33%, e as chinesas, de 32% para 44%.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Importação para o Natal faz déficit da balança aumentar

A aproximação das festas de final de ano em conjunto com o real desvalorizado fez com que a balança...

Veja mais
Mercado eleva previsão de inflação para 5,15% em 2011

A projeção de analistas do mercado financeiro para a inflação oficial - Índice de Pre...

Veja mais
Alimentos continuam pressionado e IPCA-15 vai a 0,86% em novembro

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 0,86% em novembro. A leitura superou...

Veja mais
Argentina ameaça criar novas barreiras a produto brasileiro

Ação protecionista anunciada pelo ministro de Comércio argentino gera crise diplomática &nb...

Veja mais
Alimentos provocam alta da inflação do aluguel para 1,2%

O fortalecimento da inflação das commodities no atacado, tanto no setor agrícola como no setor indu...

Veja mais
Fluxo de remessas de filiais ajuda a manter o real valorizado

Volume recorde é impulsionado pela diferença entre os juros lá fora e as taxas domésticas &...

Veja mais
Importação atende 22,7% do consumo interno

Comércio exterior: Parcela da produção industrial destinada ao exterior aumenta, mas ainda é...

Veja mais
Alta das importações reflete queda na produção industrial

A forte alta das importações e o tímido crescimento das exportações foram confirmados...

Veja mais
Camex é arma para comércio exterior, afirmam empresários

"O Brasil necessita de um órgão que organize o comércio exterior para que os problemas com tributos...

Veja mais