A expectativa de aumento no consumo das famílias, ancorada nas projeções positivas de ganhos de renda e de emprego, devem ampliar os ganhos das multinacionais no Brasil nos próximos cinco anos. A questão já pauta os discursos dos principais executivos do mercado de consumo no mundo, com metas e datas para atingi-las.
O comando da Procter & Gamble, a maior empresa de bens de consumo do mundo, trabalha num plano para ampliar o número de consumidores de sua marca no Brasil para o período de 2010 a 2015. De acordo com Bob McDonald, CEO mundial da P&G, em meados de 2010 cerca de 125 milhões de brasileiros usavam produtos da multinacional, dona do Ariel, Oral-B e Pantene. Ele quer atingir 200 milhões em cinco anos. Isso equivale a um quinto da soma total (1 bilhão) de novos compradores que a P&G planeja conquistar nesse período, no mundo.
Segundo dados apurados pelo Valore pela corretora Sanford Bernstein, a fatia dos países em desenvolvimento nas vendas da P&G passou de 33% em 2009 para 34% em setembro de 2010. É uma avanço menor que o verificado na Unilevere Reckitt-Benckiser, por exemplo. Na Unilever, com vendas de €33,4 bilhões de janeiro a setembro de 2010, 55,3% da receita foi obtida nesse grupo de nações, que inclui o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), além de alguns países do Oriente Médio, do Leste Europeu e África do Sul.
Neste ano, "o aumento de juros [no Brasil] deve tornar mais discreta a expansão das empresas que dependem de crédito para crescer. [Setor de] bens de consumo não-duráveis devem ter desempenho melhor pois só dependem de renda", diz Rogerio Mori, professor da FGV-EESP.
Veículo: Valor Econômico