Os preços do milho e da soja subiram para o mais elevado valor em 30 meses ontem após o governo dos EUA reduzir sua previsão para os estoques de ambas as culturas, além de emitir uma advertência de uma possível aceleração no aumento dos preços mundiais de alimentos. O balanço foi divulgado pelo Ministério da Agricultura norte-americano (USDA na sigla em inglês).
As projeções menores das principais culturas agrícolas funcionam como acelerador nos preços das commodities, possibilitando que esses produtos cheguem aos níveis mais altos desde o pico de preços de 2008 e fazendo com que os preços dos alimentos quebrem recordes. A Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) alertou semana passada que o mundo enfrenta um "choque de preços dos alimentos".
A Cargill, maior trader do mundo em commodities agrícolas, surge como a grande beneficiária com o aumento no preço dos alimentos. A empresa anunciou ontem que seus lucros triplicaram no segundo trimestre de seu ano fiscal.
A empresa disse que a sua rentabilidade subiu para US$ 1,49 bilhão, acima dos US$ 489 milhões no mesmo período de 2009. Nos primeiros 6 meses de seu ano fiscal, a Cargill ganhou US$ 2,37 bilhões, acima dos US$ 1,01 bilhão um ano antes. Os preços globais dos alimentos no mês passado atingiram a maior alta de todos os tempos em valores nominais, após uma série de más colheitas e em meio a uma forte demanda na Ásia, ultrapassando os níveis observados durante a crise alimentar de 2007 e 2008, de acordo com as Nações Unidas. O aumento dos lucros durante os primeiros 6 meses de seu ano fiscal põe Cargill em vias de bater o recorde de 2008, quando ganhou US$ 3,95 bilhões
A Cargill e os seus principais concorrentes, a Archer Daniels Midland Co., a Bunge e a Louis Dreyfus, na França, são os principais beneficiários da escassez de grão que após uma severa seca destruiu plantações na Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, de acordo com consultores e executivos do setor. As quatro empresas dominam os fluxos globais de commodities agrícolas.
Lewis Hagedorn, analista do JPMorgan em Nova York, disse que as revisões da safra norte-americana para commodities agrícolas eram esperadas . Dan Basse, presidente da AgResource, analista com sede em Chicago, acrescentou: "Não há nenhum espaço para qualquer erro. Com qualquer tipo de problema de clima na próxima temporada vamos fazer novas máximas históricas em milho e soja e em menor grau do trigo".
Veículo: DCI