Maior renda e empregos terão impacto forte no varejo

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O poder de consumo do brasileiro nos próximos meses ficará elevado, com o aumento do salário mínimo de 6,87%, que colocará na mão dos brasileiros R$ 36,7 bilhões. Além disso, há a perspectiva de 3 milhões de pessoas serem colocadas no mercado de trabalho, ou seja, um aumento de 50% em relação ao ano passado. Cenário este que deve impactar de maneira positiva o comércio varejista. Por conta disso, nem mesmo o aumento do preços em torno de 6%, além do recorde de inadimplência divulgado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em março deste ano, que bateu a casa de 22,61% em relação a fevereiro do mesmo período, deve impactar com queda as vendas deste ano.

 

Para o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio), Fábio Pina, todos os fatores positivos da economia brasileira devem gerar um aumento no estoque de crédito no País entre 20 e 25%, o que põe à disposição do mercado R$ 1.8 trilhão a serem gastos gradativamente no varejo brasileiro. " O aumento de juros está no mercado, porém o brasileiros continuam otimistas a empregabilidade no Brasil e estagnação do preço da parcela", afirma.

 

Isso vai ao encontro do pensamento da presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano. Ela afirmou que as medidas do governo para conter o consumo não deverão atingir o varejo nem frear os gastos dos consumidores de baixa renda. "Não acredito que terá efeito sobre o consumo das classes C e D", afirmou recentemente. Para a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), o mercado continua promissor e os empreendimentos comerciais mantêm o mesmo número de fluxo de pessoas em todos os estados brasileiros.

 

Fatores sazonais

 

Segundo a CNDL, dentre os fatores que podem ter contribuído para o aumento ainda estão as compras de Natal e as comemorações de carnaval. Para a entidade, os pagamentos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ainda impactaram o orçamento dos consumidores no período, levando-os a postergar a quitação de outras dívidas. Da mesma forma, os atrasos superiores a 60 dias aumentaram 4,32% em relação a março do ano passado. No acumulado do ano, a inadimplência teve alta de 1,81% .

Para o presidente da entidade, Roque Pellizzaro Junior, trata-se de um fator temporário que deve se regularizar nos próximos, porém que não impede o comércio a ficar alerta com as próximas compras. "A alta deve esfriar nos próximos meses com as medidas vindas tanto do governo federal e do varejo", explica.

Pellizzaro acredita que daqui para a frente as lojas que utilizam do crédito para efetuar suas vendas devem criar medidas internas para evitar o calote. "Será colocada uma torneira na disponibilidade do crédito, porém isso não deve afetar o consumo. O intuito é ter um controle juntamente com o consumidor", disse. Na comparação com março do ano passado, porém, as consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) caíram 5,17%. Ainda assim, no acumulado do primeiro trimestre do ano, as vendas aumentaram 1,43% em relação ao mesmo período de 2010.

 

Medidas do governo

 

A CNDL afirma que as medidas anunciadas pelo governo federal para reduzir o consumo e a inflação foram não foram prejudiciais do ponto de vista da pressão de demanda, que se baseia principalmente no gastos com alimentos, transportes e habitação.

 

O presidente da Fecomércio, Abram Szajman, reforça que "a intenção do governo de reduzir o que julga ser um excesso de crédito, tentando conter o consumo interno, é uma meta que claramente não será atingida, uma vez que há cada vez mais liquidez no mercado devido à capacidade financeira dos brasileiros honrarem o crédito contraído, dado o elevado nível de emprego e expansão da renda verificados no Brasil", enfatiza.

 

Paulistas

 

Em fevereiro, 34,3% dos paulistas afirmam estar comprometidos com dívidas por mais de um ano, 25% por três a seis meses e 22,5% por menos de três meses. A maior parte deles, 60,9%, tem entre 11% e 50% da renda familiar mensal comprometida com o pagamento das contas, 22,8% causaram menos de 10% da renda e 14,1% mais de 50%. O principal meio utilizado para adquirir essas dívidas continua sendo o cartão de crédito, 68,3% dos paulistas tem alguma dívida devido às compras desse tipo. A participação dos carnês subiu e, em fevereiro, 30,6% dos paulistas assumiu o pagamento de um deles. A terceira forma mais comum de dívida é o financiamento de carros - 12,9%. Mesmo assim o consumidor paulista está mais confiante e deve manter o ritmo e acompanhar o país no consumo.

 

Veículo: DCI


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