Os efeitos da crise já começam a aparecer na expectativa do mercado para a economia brasileira. Segundo a pesquisa Focus, do Banco Central, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passará dos 6,20%, previstos há uma semana, para 6,23% até o fim de 2008. Para o próximo ano, a alta será menor, porém os representantes têm apresentado uma apreensão maior a cada sondagem, passando de 4,80% há uma semana para 4,90%.
O aumento dos preços tem ligação direta com a estimativa de câmbio: pela terceira semana consecutiva, as projeções para 2009 e 2008 subiram. A previsão para o patamar do dólar no fim de 2009 saltou de R$ 1,85 para R$ 1,90. Há quatro semanas, ela estava em R$ 1,77. A expectativa para o fim de 2008 subiu de R$ 1,85 para R$ 1,90, no mesmo intervalo.
Já em ritmo oposto está a previsão do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que no último mês era de 5,17%, atingiu 5,23% e agora recuou para 5,22%. Em relação a 2009, a sondagem se torna mais catastrófica, com os analistas reduzindo suas estimativas de 3,50% para 3,35% em um mês.
Pelo ponto de vista do economista da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) Miguel José Ribeiro de Oliveira, os dados do relatório estavam desatualizados com o atual momento da economia e, agora, começam a se aproximar da visão real. "A crise se agravou e o mercado começou a observar mais atento. É o momento de reduzir juros", defende.
Conforme o representante, é preciso ousadia do governo para evitar que a crise afete o crescimento economia de formar brusca. "O aumento do câmbio vai impactar os preços do atacado. Mas existe o contraponto da desaceleração da economia que vai ocasionar um repasse menor desses aumentos", informa. "Não devemos olhar a inflação. Precisamos ter apenas um horizonte de fomentar a atividade econômica com o corte de juros. Mesmo que haja um aumento de preços, não se pode prejudicar o PIB", conclui . Professor de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Fábio Kanczuk diz que os analistas começaram a observar os efeitos do câmbio de forma mais realista. "Eles ficaram meio paralisados esperando uma posição mais clara e começaram a fazer a revisão nas projeções." O acadêmico acrescenta que o principal aspecto da crise, no que se refere à influência no Boletim Focus, diz respeito á taxa de juros. "Isso sinaliza que o Banco Central não irá mais subir juros neste ano", conclui.
Os outros indicadores de inflação tiveram elevação ou estabilidade. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe) de 2009 permaneceu em 4,70%. Para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de 2009, a projeção subiu de 5,42% para 5,50% e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) se manteve em 5,50%.
Veículo: DCI