O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) apresentou alta de 1,2 ponto percentual este mês. A taxa de outubro foi de 0,78%, ante a queda de 0,42% registrada no mês passado. No acumulado em 12 meses, a taxa continua em queda, passando de 12,29% em setembro para 11,97% este mês, por um efeito estatístico. A alta no mês tem reflexo da valorização do dólar em relação ao real, mas o principal fator foi o avanço de preços de alimentos no atacado, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice é medido entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês de referência.
A alta do IGP-10 foi a maior desde novembro de 2002, quando o índice avançou 1,41 ponto percentual, passando de 3,32% para 4,73%. O Índice de Preços por Atacado (IPA) terminou em 0,98% em outubro, ante a queda de 0,75% em setembro. O avanço foi de 1,73 ponto percentual - o maior desde julho de 1999, quando subiu 2,15 pontos percentuais, passando de queda de 0,34% para alta de 1,81%. Neste mês, o câmbio também teve forte influência, mas não a maior delas. "O câmbio tem grande influência sobre a inflação, sobretudo no IGP, devido aos produtos industrializados. É um fator que está crescendo, mas ainda não é o principal", afirmou o coordenador de inflação da FGV, Salomão Quadros.
Para ele, pode ser que o efeito do câmbio ainda se faça sentir nos próximos dois meses. "O câmbio ainda pode ter efeito maior, porque a desvalorização vai durar mais tempo e permitir que quem não subiu os preços o faça. Também poderá haver transmissão na cadeia, embora com menor força", disse Quadros.
Segundo o economista, no entanto, a expectativa é de que o câmbio mude de tendência e o dólar volte a se depreciar. "Não tem desequilíbrio externo que gere necessidade de câmbio tão alto. Isso não dura tanto assim. O que vai chegar ao consumidor é menor ainda. Vai ficar restrito a dois meses, não é nada parecido com o que houve em 2003, quando o câmbio subiu por seis meses". Três itens, juntos, foram responsáveis por cerca de 60% da alta do IGP-10, sendo que dois não têm influência do câmbio e o terceiro, muito pouca. O tomate, a mandioca e a soja, no atacado, foram responsáveis por 0,72 ponto percentual da alta de 1,2 ponto do IGP-10 em outubro.
O tomate, responsável por 0,4 ponto do IPA, subiu 12,76%, ante queda de 47,37% no mês anterior. A mandioca, com 0,25 ponto do índice no atacado, avançou 29,46%, ante queda de 5,71%. Os dois produtos sofreram com problemas de oferta. E soja, com peso de 0,55 do índice no atacado, passou de queda de 7,75% para alta de 2,49%. Apesar de ser comercializada internacionalmente, o dólar não teve tanta influência, já que seguiu tendência externa. Estes itens fazem parte do grupo de matérias-primas brutas, que apresentou elevação de 1,63%, ante a queda de 3,7% no mês anterior. Este grupo contém produtos agropecuários, com alta de 0,92%, ante queda de 4,53% em setembro, e minerais, com avanço de 6,83%, ante alta de 2,84%.
Os efeitos da valorização do dólar podem ser detectados em um segmento no atacado. Segundo Quadros, o avanço nos preços dos produtos industriais (de -0,75% para 0,98%) foi motivado principalmente pelo fim da queda nos preços de materiais para manufatura (de -0,08% para 1,13%), segmento esse que é uma espécie de "portal de entrada" para efeitos cambiais na inflação do setor atacadista. "Esse avanço de preços em materiais para manufatura foi influenciado pelo câmbio". Entre os produtos incluídos no segmento, citados pelo economista, estão as movimentações de preços registradas, de setembro para outubro, em amônia (de 2,31% para 20,45%); celulose (de 2,63% para 13,20%); elastômeros - borracha sintética (de 10,38% para 18,51%) e níquel e ligas de níquel (de -7,18% para 10,94%).
O índice de preços ao consumidor (IPC) já foi mais modesto, passando de queda de 0,03% em setembro, para alta de 0,1% em outubro. O principal fator da alta ao consumidor também foi a alimentação, que havia caído 1,06% no mês passado e avançou 0,44% este mês. O setor de vestuário, que pode ter alguma influência do câmbio, mas é mais movimentado pela questão sazonal, com entrada de nova colação nas vitrines, também ajudou. A alta foi de 0,85%, ante queda de 0,26% no mês passado. O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) registrou variação de 1%, acima do resultado anterior, de 0,94%. "A inflação da construção continua no mesmo ritmo, apesar da indicação de que vai recuar, com aperto de crédito. Mas até o momento, tem muita obra contratada, muita encomenda já feita. Isso pode fazer com que o setor de construção se mantenha por uns meses", disse o coordenador da FGV.
O Índice Geral de Preços -10 (IGP-10), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), deu um salto no mês de outubro, passando de deflação em 0,42% em setembro, para alta de 0,78% em outubro.
Veículo: DCI