A perda de 0,17 ponto percentual do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) entre março e abril - o indicador passou de 0,62% para 0,45% - é explicada totalmente pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA). Com peso de 60% no indicador total, a desaceleração do IPA entre um mês e outro, de 0,65% para 0,29%, mais do que compensou a aceleração do IPC, de 0,62% para 0,78%, e a do INCC, de 0,44% para 0,75%.
"A grande questão do IPA é se esse indicador conseguirá se manter em nível baixo, sobretudo por um período um pouco mais longo", comentou o coordenador do índice da FGV, Salomão Quadros.
O economista chamou atenção para a concentração do alívio, dentro do IPA, nas matérias brutas agropecuárias. Esse subgrupo saiu de uma alta de 0,71% em março para uma queda de 0,82% em abril, e sozinho subtraiu 0,37 ponto percentual de todo o IPA. Foi a primeira vez desde janeiro do ano passado em que as matérias-primas brutas agropecuárias apresentaram deflação. Ainda assim, um índice de preços calculado pela FGV e composto por 15 itens desse subgrupo está 18,94% acima do pico atingido em 2008.
"Eu não acredito numa volta aos níveis baixos já registrados em anos anteriores. A demanda continua crescendo e a oferta é que está em condições de responder um pouco melhor a essa demanda, mas não há nenhuma inundação ou enxurrada de produtos agrícolas. Esse quadro combina mais com uma trajetória de moderação do que de devolução forte do preço de produtos agropecuários no atacado. Ou seja, a inflação dos alimentos não deve ser tão alta e pode até ceder um pouco, mas não espero uma volta à época da comida barata", disse ele.
Entre os exemplos citados por Quadros para ilustrar a queda dos agropecuários no atacado estão a laranja (de 5% em março para -13,65% em abril), café (de 11,58% para 2,39%), trigo (4,54% para 1,54%) e arroz (-3,98% para -7,59%).
O algodão, por usa vez, saiu da alta de 8,31% em março para uma queda de 3,96% em abril, mas ainda acumula elevação de 139,51% em 12 meses. "Provavelmente o Brasil terá este ano a maior safra de algodão de sua história, já que muitas áreas estão sendo dedicadas ao plantio. O risco é isso afetar a produção de outros itens", afirmou o economista da FGV.
Veículo: Diário do Comércio - MG