Confiança empresarial tem queda recorde

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O agravamento da crise financeira internacional, o aumento das incertezas em relação ao cenário externo e os impactos das turbulências no mercado interno derrubaram o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) ao menor nível desde julho de 2005.

 

Segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o indicador ficou em 52,5 pontos no terceiro trimestre deste ano, ante os 58,1 pontos apurados no trimestre anterior. Em julho de 2005, o índice estava em 50,7 pontos.

 

A confiança é menor nas grandes empresas, que registraram queda no indicador de 59,9 pontos para 51,5 pontos, situando-se, pela primeira vez desde o início da série em 1999, abaixo do índice das pequenas empresas. "Essa situação decorre, em parte, da crise estar afetando com maior intensidade as empresas exportadoras, que vêm enfrentando dificuldades na obtenção de financiamento. Entre as grandes empresas, 80% são exportadoras, percentual que cai para 23% entre as pequenas", avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

 

Médio porte. O índice de confiança das empresas de médio porte ficou em 52,6 pontos e o das pequenas empresas, 53,6 pontos. "A primeira queda no índice de confiança, ocorrida em julho, foi gerada pela política monetária, com a manutenção da alta dos juros. Esta, agora, foi claramente provocada pela crise internacional. As grandes empresas sentiram mais o enxugamento da liquidez, pois são as que mais exportam, e também as que têm ações na bolsa", disse o gerente da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.

 

Com relação aos próximos seis meses, a expectativa dos empresários também caiu de 61,6 para 53,4 pontos no mesmo período de comparação. Apesar da queda, destaca a CNI, o empresário ainda está otimista com o futuro. Na metodologia utilizada pela pesquisa, os indicadores variam de zero a 100, sendo que um índice acima de 50 pontos indica otimismo. Essa expectativa positiva, no entanto, está relacionada à própria empresa, com índice de 56,9 pontos. Já as expectativas futuras com relação à economia brasileira são pessimistas. Esse indicador caiu 8,7 pontos, de 55,4 pontos para 46,7 pontos.

 

Setores. O ICEI do terceiro trimestre registrou queda em praticamente todos os 27 setores considerados pela CNI. Apenas o setor de bebidas manteve inalterado o índice de confiança na comparação com o trimestre anterior (passou de 56,6 pontos para 56,5 pontos). Outros seis setores, Álcool, Couros, Borracha, Calçados, Papel e Celulose, e Madeira, registraram índices de confiança abaixo de 50 pontos no terceiro trimestre, o que indica pessimismo do empresário.

 

"O interessante é que a crise é de confiança. O índice medido pela CNI depende da situação atual e das expectativas com relação ao futuro. A queda ocorreu em razão das expectativas. Confiança muito baixa afeta investimento, produção. Se o governo conseguir reverter o quadro e conseguir compensar essa questão da liquidez externa, essa confiança pode melhorar e minimizar os efeitos sobre investimentos e produção", disse Fonseca.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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