Presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas envia hoje carta aos 800 mil associados, sugerindo meios de evitar a inadimplência
Preocupado com a possibilidade de aumento do calote no comércio, o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior, envia hoje uma carta aos seus 800 mil associados recomendando, pela primeira vez, moderação na oferta de crédito.
"Indicaremos aos associados um aperto de parafuso da concessão de crédito", disse. "O aconselhamento é importante principalmente para o pequeno lojista, que não tem essa análise e não toma medidas preventivas."
Para o executivo, não há motivo para preocupação com uma possível queda nas vendas após o "fechamento da torneira" porque o mercado está "comprador" no momento. Não se trata de negar crédito. É preciso, segundo ele, puxar o consumo para um nível em que a inadimplência não seja significativa.
Isso significa, conforme Pellizzaro Júnior, que o lojista precisa ficar mais atento ao perfil do cliente e verificar itens como gastos com energia elétrica e comprometimento com pagamento de aluguel, entre outros itens. "Pior do que não vender é vender e não receber", afirmou.
A avaliação da CNDL de que a demanda estava reprimida e tem ganhado força com o aumento do emprego e dos salários recebeu base técnica após a divulgação, anteontem, pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), de que a maior parte das famílias brasileiras em 2010 gastou acima da renda média mensal. "Isso acende a luz amarela."
Tombini. A recomendação da CNDL converge com o alerta do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na semana passada. Ele sugeriu que os consumidores adiassem gastos e passassem a poupar para aproveitar o momento de alta de juros. Pellizzaro Júnior, porém, "aperfeiçoou" a recomendação. "É preciso repensar, mas o consumo a crédito. Não queremos que o cliente deixe de consumir, mas que seja mais criterioso. Comprar à vista ou em prazo mais curto é diferente de não consumir."
Veículo: O Estado de S.Paulo