Nota Fiscal Paulista paga 23,6% menos a cada contribuinte

Leia em 3min 50s

Aumento da adesão dos contribuintes e substituição tributária reduzem valor médio devolvido de R$ 175,63 para R$ 134,17

 

O sucesso da Nota Fiscal Paulista reduziu em 23,6% o valor médio dos créditos tributários devolvidos aos contribuintes no último ano. Criado em 2007 pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo com o objetivo de reduzir a sonegação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o programa restitui parte do ICMS pago na transação ao contribuinte que exige a nota fiscal.

 

O valor médio do crédito devolvido em 2010 foi de R$ 175,63 e, no ano anterior, de R$ 134,17. Nesse período, o número de contribuintes que aderiram ao programa cresceu 50,7%, de 6,798 milhões para 10,248 milhões, enquanto o valor total dos créditos distribuídos aumentou num ritmo bem menor: 15,2%, de R$ 1,194 bilhão em 2009 para R$ 1,375 bilhão no ano passado.

 

"O programa se democratizou e o valor médio da devolução se reduziu em razão do sucesso, porque cresceu o número de pessoas beneficiadas", observa o coordenador do programa Nota Fiscal Paulista, Valdir Savioli.

 

Para o consultor fiscal da De Biasi Auditores Independentes, Fábio da Silva Oliveira, do ponto de vista individual, o programa já foi bem melhor para o contribuinte. Ele aponta dois fatores que explicam a redução do valor médio do crédito devolvido.

 

O primeiro deles foi o aumento do número de contribuintes que aderiram ao programa. Como os créditos restituídos correspondem a 30% do ICMS recolhido pelo estabelecimento comercial, proporcionalmente ao valor da transação efetuada, quanto maior o número de pessoas que pedem nota fiscal, menor é a fatia do bolo a que têm direito.

 

O segundo fator que contribuiu para a redução do valor médio do crédito restituído foi o programa de substituição tributária implementado pelo próprio governo. Para reduzir a sonegação de ICMS, especialmente nas cadeias produtivas muito longas, a Secretaria da Fazenda mudou as regras do ICMS. O imposto passou a ser recolhido na indústria e não mais no comércio. Isso contribuiu para que o total de crédito a ser distribuído diminuísse.

 

"Nesse sistema, a indústria recolhe por toda a cadeia, até o consumidor final. Como muitos produtos entraram na substituição tributária nesses últimos anos, um número crescente de varejistas não precisa recolher o ICMS, pois o imposto já foi quitado pelo fabricante. Com isso, o consumidor não recebe os créditos ao pedir a nota fiscal", explica o consultor.

 

Setores. Entre os setores nos quais a restituição não funciona na prática, Oliveira aponta os postos de gasolina. Como a tributação do álcool, da gasolina, do gás e do diesel ocorre nas etapas de refino e produção, o abastecimento na bomba não gera ICMS a recolher, muito menos dá direito de créditos ao consumidor.

 

Também nesse rol estão os supermercados, que têm muitos produtos em regime de substituição tributária; concessionárias de veículos; farmácias; lojas de materiais de construção; produtos de limpeza; higiene pessoal; alimentos e perfumaria.

 

Em contrapartida, o consultor ressalta que os setores mais geradores de créditos de ICMS ao consumidor são lojas de roupas, calçados, joias, acessórios, móveis, óticas e restaurantes.

 

Na análise de Oliveira, quem tira maior vantagem hoje do programa é o próprio governo, que consegue reduzir a sonegação de imposto de setores importantes com a atuação do consumidor que exige a nota fiscal.

 

Para Saviolli, da Fazenda, é um exagero dizer que o programa já foi melhor para o consumidor que exige nota fiscal. "Esse continua sendo um programa de redução de carga tributária", ressalta o coordenador. "Os créditos são bons e há sorteios", pondera ele. Além dos créditos, mensalmente o programa faz sorteios, distribuindo prêmios em dinheiro que somam R$ 17 milhões. Nos meses em que há datas comemorativas, o valor mensal sobe para R$ 17,3 milhões.

 

DUAS RAZÕES PARA...

 

Queda do valor médio devolvido de imposto

1. Aumento do número de pessoas que aderiram ao programa, já que a restituição corresponde a 30% do ICMS recolhido pelo estabelecimento e é proporcional ao valor de cada transação.

2. Crescimento, nos últimos anos, dos setores que passaram a recolher o ICMS nas fábricas. Com isso, diminuiu a parcela do imposto pago pelo varejo e com direto a restituição.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Imposto sobe e arrecadação bate recorde

Com o aquecimento da economia e a alta do IOF para conter o crédito, governo arrecadou R$ 85 bilhões em ab...

Veja mais
Morador gasta R$ 363 com cesta básica

Quem for às compras encontrará os produtos da cesta básica com tímida redução ...

Veja mais
Criação do cadastro positivo é polêmica

Enquanto as entidades representativas de lojistas e comerciantes comemoram a aprovação do cadastro positiv...

Veja mais
Cheque será compensado em até dois dias

Sistema digital entra em operação a partir de hoje e instituições terão 60 dias para ...

Veja mais
Indústria de bens de consumo ainda perde para importados

O consumo doméstico aquecido e a manutenção de um real valorizado em relação ao d&oac...

Veja mais
Cadastro positivo é aprovado pelo Senado

Projeto ainda precisa ser sancionado pela presidente Dilma para entrar em vigor e beneficiar os consumidores considerado...

Veja mais
Indicador do BC mostra economia acelerada no primeiro trimestre

Ritmo de crescimento é de 5,2%, o que pressionaria a inflação, mas técnicos do BC dizem que ...

Veja mais
Paulistas devem ampliar consumo em R$ 5,1 bi

Os paulistas terão mais R$ 5,1 bilhões para gastar ao longo de 2011. O montante resulta do aumento da part...

Veja mais
Governo opta por dificultar a importação de mais 17 produtos

Depois de veículos, ministério cassa licença automática para bens como artigos siderú...

Veja mais