A deflação de 0,05% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), na terceira quadrissemana de junho, anunciada ontem, ficou dentro do intervalo de expectativas do mercado financeiro, de queda de 0,04% a baixa de 0,18%. Superou, entretanto, a estimativa do coordenador do IPC, Antonio Evaldo Comune, que era de uma deflação de 0,13%.
Na avaliação de Comune, o ponto de queda mais forte do índice de inflação em junho foi observado na segunda quadrissemana, quando o IPC registrou a taxa mais baixa na capital paulista desde a primeira quadrissemana de julho de 2006 (-0,19%). Para ele, no entanto, a pequena aceleração observada na taxa não significa motivo para preocupação no curto prazo. "O cenário é muito tranqüilo neste momento", comentou.
De acordo com o coordenador, o grande fator para a taxa um pouco menos negativa na terceira quadrissemana de junho foi o comportamento do grupo Transportes, já que o grupo saiu de uma baixa de 1,10%, na segunda leitura do mês, para uma queda de 1,07%. Mesmo com essa movimentação do grupo, ele seguiu como o grande responsável pela permanência do IPC em deflação, já que contribuiu com um alívio de 0,17 ponto porcentual, amparado nas quedas importantes nos preços do etanol e da gasolina.
Entre a segunda e a terceira quadrissemanas de junho, os combustíveis mostraram comportamentos distintos, mas continuaram na liderança do ranking de contribuições de baixa do IPC. No período, a queda do etanol passou de 18,52% para 15,39%. O declínio no valor da gasolina, por sua vez, passou de 3,42% para 4,03%. "Ainda assim, eles continuam sendo os heróis da inflação", disse Comune.
Para o coordenador do IPC, a Alimentação também tem dado importante contribuição para o índice continuar em queda. Na terceira quadrissemana, o conjunto de preços mostrou declínio de 0,67% ante o recuo de 0,58% da medição anterior e representou alívio de 0,15 ponto porcentual no cálculo da taxa geral do indicador. "Temos o frango, a batata e laranja ajudando bastante", afirmou, referindo-se aos itens, que mostraram baixas de 6,20%, 14,28% e 11,35%, respectivamente.
Coleção - Questionado sobre a forte alta de 1,14% registrada pelo grupo Vestuário na terceira quadrissemana (ante elevação de 0,93% na segunda leitura do mês), Comune respondeu que o avanço no conjunto de preços é resultado das trocas da coleção de roupas, em virtude da mudança da estação, do outono para o inverno. "Mas o grupo gerou uma contribuição de alta pequena para o IPC", enfatizou. Segundo a Fipe, a contribuição foi de 0,06 ponto porcentual.
Com base na expectativa de variação negativa de 0,01% definida ontem para o IPC de junho, o coordenador do índice detalhou que aguarda uma queda de 0,90% para o grupo Transportes no fim do mês. Para Alimentação, espera um recuo de 0,60%. Para o grupo Vestuário, prevê uma alta de 1,15%.
Veículo: Diário do Comércio - MG