Endividamento ameaça evolução das vendas do varejo

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A melhora de poder aquisitivo conduziu a um maior "relaxamento" do consumidor quanto ao seu orçamento. Tanto que as vendas do varejo cresceram 5,05% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2010, porém a inadimplência avançou quase na mesma velocidade, subindo 4,25%.

 

De acordo com uma pesquisa da Fecomércio-RJ/Ipsos que ouviu mil domicílios em todo o País entre os dias 21 e 31 de abril, cresceu o número de pessoas que desconhecem o quanto pagam de tarifas bancárias e que não fazem pesquisa nem de preços à vista, nem de juros antes de comprar a prazo.

 

Dados do levantamento, realizado desde 2007, mostram que a fatia de entrevistados que não sabe quanto paga em tarifas de banco subiu de 60% para 63% de abril de 2010 para abril de 2011. No mesmo período, diminuiu o percentual de consumidores que sabe o valor das tarifas, de 40% para 37%. Para o economista da Fecomércio-RJ, Christian Travassos, o brasileiro sente-se mais confortável com sua situação financeira devido à continuidade do bom cenário de emprego formal, com patamar ainda elevado de massa salarial. A fatia de entrevistados que faz pesquisa de preços à vista antes de comprar a prazo caiu de 82% para 68%, de abril de 2010 para abril de 2011. Já a dos que não pesquisam quase dobrou, de 17% para 31%. "O aumento da concorrência entre empresas torna preços muito parecidos. Daí, o consumidor pensa que não precisa pesquisar tanto", salientou Travassos.

 

Vendas

 

Com relação às vendas, o varejo viu alta de 8,66% em junho, na comparação com idêntico mês do ano passado, mas recuaram 4,79%, em relação a maio. Os dados são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e revelam desconforto do setor com o nível de endividamento da população. Na opinião do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, o Banco Central apresentou ontem uma avaliação acomodada em relação ao nível de endividamento das famílias brasileiras.

 

"O Banco Central está mais tranquilo do que deveria estar", afirmou. Ontem, no Congresso, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, disse que o endividamento das famílias brasileiras está em torno de 24% a 25%, próximo do recomendado internacionalmente. "Mas o BC vai estar sempre atento a esse processo", disse Tombini.

 

Para Pellizzaro Júnior, no entanto, quando se ultrapassa o patamar dos 20% é preciso acender a luz amarela. "Qualquer desarranjo orçamentário, como desemprego, sinistro ou doença, gera desequilíbrio. Até 20%, as pessoas navegam muito bem. Passou disso, fica-se sujeito", considerou o presidente da CNDL.

 


Veículo: DCI


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