Segundo o IBGE, IPCA acumula altas de 3,87% no ano e de 6,71% nos últimos 12 meses, valor ainda acima da meta
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou junho com alta de 0,15%, ante avanço de 0,47% em maio, informou o IBGE nesta quinta-feira, 7. O resultado ficou no teto do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que iam de +0,04% a +0,15%, e acima da mediana projetada, de 0,07%.
A forte desaceleração da inflação medida pelo IPCA em junho é explicada, sobretudo, pela deflação no grupo alimentação e bebidas. O grupo passou de uma alta de 0,63% em maio para uma queda de 0,26% no mês passado, informou o IBGE. Também contribuiu um recuo mais intenso do grupo transporte, que já havia apresentado queda de 0,24% em maio e, em junho, registrou deflação de 0,61%.
A gasolina também ajudou no resultado menor do IPCA. O preço da gasolina recuou 3,94% em junho, após uma alta de 0,85% em maio, tornando-se um dos principais fatores para a desaceleração da inflação.
Entre os alimentos que ficaram mais baratos estão a batata-inglesa (de 6,02% em maio para -11,38% em junho) e a cenoura (de -9,30% para -16,31%). Muitos dos produtos alimentícios em alta mostraram desaceleração na taxa de crescimento, na passagem de um mês para o outro, como o queijo (de 1,90% em maio para 1,05% em junho), o iogurte (de 2,07% para 1,01%), o leite em pó (de 1,60% para 0,62%) e o açúcar refinado (de 1,18% para 0,50%). Entre os produtos não alimentícios, a variação foi de 0,28% em junho, contra uma alta de 0,42% em maio.
O IPCA é o índice oficial de preços utilizado pelo Banco Central para cumprir o regime de metas de inflação, determinado pelo Conselho Monetário Nacional. Até junho, o indicador acumula altas de 3,87% no ano e de 6,71% nos últimos 12 meses.
Itens positivos
Além dos recuos de preços verificados em alimentação e bebidas (-26%) e transportes (-0,61%), outros grupos que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também contribuíram para a desaceleração da inflação em junho. Apenas três dos nove grupos registraram aceleração no mês: Artigos de Residência, Vestuário e Educação.
O grupo Comunicação registrou deflação de 0,05% no mês passado, após subir 0,15% em maio. Já o grupo Habitação mostrou desaceleração, passando de 0,97% em maio para 0,58% em junho, com aumentos menores em itens como taxa de água e esgoto (de 2,32% em maio para 0,08% em junho), aluguel residencial (de 0,95% para 0,84%), condomínio (de 1,01% para 0,92%) e energia elétrica (de 0,87% para 0,45%). O grupo Despesas Pessoais (de 0,72% em maio para 0,67% em junho) também desacelerou, principalmente, por causa dos salários dos empregados domésticos (de 1,14% para 0,33%).
No grupo Saúde e Cuidados Pessoais, a redução no ritmo de aumento, de 0,73% em maio para 0,67% em junho, foi puxada pelos remédios, que deixaram de refletir o reajuste ocorrido no fim de março e passaram de uma taxa de 1,20% em maio para 0,47% em junho.
Na direção contrária, a maior variação de grupo foi observada em Vestuário, que acelerou de 1,19% em maio para 1,25% em junho, com destaque para as roupas masculinas (de 1,38% para 1,54%). Quanto aos Artigos de Residência (de 0,09% em maio para 0,42% em junho), a alta foi puxada pelos itens mobiliário (de 0,16% para 0,35%) e eletrodomésticos (de -0,09% para 0,81%). O grupo Educação subiu de 0,01% em maio para 0,11% em junho.
Construção
O Índice Nacional da Construção Civil (INCC/Sinapi) variou 0,60% em junho, ante 1,50% em maio. No ano, a alta é de 3,82%. O índice acumulado em 12 meses está em 6,82%, abaixo dos 6,88% registrados em igual período imediatamente anterior.
Segundo o IBGE, o custo nacional da construção alcançou R$ 795,64 por metro quadrado em junho, acima dos R$ 790,90 estimados em maio. A parcela dos materiais variou 0,17%, enquanto o custo da mão de obra ficou em 1,14% em junho, ante 3,37% em maio.
Alimentação
A maior oferta de alimentos e a queda nos preços das commodities no exterior explicam a deflação de 0,26% no grupo alimentação e bebidas, dentro do IPCA.
"Estamos em período de safra, os produtos estão sendo colhidos. E a safra deve ser 8% maior (em 2011) do que no ano anterior. Além disso, o preços das commodities no mercado externo estão caindo", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de preços do IBGE.
Veículo: O Estado de S.Paulo