A classe média brasileira, composta por famílias que ganham em média R$ 2.295, tem um potencial de consumo de R$ 1 trilhão. O montante, 11,3% maior do que o valor gasto no ano passado, equivale ao Produto Interno Bruto da Argentina, Uruguai, Paraguai e Portugal, juntos (US$ 558,3 bilhões).
Os dados integram estudo do Instituto Data Popular, realizado com base na Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios e da Pesquisa de Orçamento Familiar, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foram ouvidas, no primeiro trimestre, 5.003 pessoas em 44 municípios e, no segundo trimestre, 16 mil brasileiros em 26 Estados e 251 cidades.
O potencial de consumo considera, além da renda, benefícios, como 13º salário, férias e participação nos lucros e resultados, e o crédito utilizado pelas famílias, que representa as compras parceladas.
A classe média deverá utilizar a maior parte desses recursos, 31,55%, na manutenção do lar, com o pagamento de contas, reformas, compra de televisão e computador, por exemplo. Em segundo lugar, 23,16% dos gastos deverão ser empregados com serviços prestados esporadicamente, como cabeleireiros, manicures, empregados domésticos e cartórios. Na sequência, com 18,49%, vem compras de alimentação e bebidas.
MAIS RENDA - A explicação para o crescimento do potencial de consumo está principalmente no aumento do poder de compra desse estrato social (o salário-mínimo passou de R$ 510 para R$ 545 neste ano), no crescimento de postos formais e na estabilidade da economia.
E isso vem ocorrendo, gradativamente, de 2004 para cá, quando a classe C passou a ser chamada de nova classe média. Para se ter ideia, à época, o mínimo era de R$ 260 - ele quase dobrou desde então. O número de pessoas pertencentes à essa classe também aumentou, saltando de 76,7 milhões para 104 milhões e representando 53,9% da população brasileira; o trabalho com carteira assinada cresceu 53%, para R$ 262,9 bilhões.
De acordo com o diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, a renda per capita, que varia entre R$ 323 e R$ 1.388, vem sendo impulsionada também pelo crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho - o que engorda a receita familiar - e pelo aumento da escolaridade do grupo.
O percentual de mulheres que trabalham aumentou de 47,2% para 50,4% nos últimos sete anos, e o total das que têm registro em carteira passou de 62,5% para 64,9%. Quanto ao nível de estudo, em 2004 eram 5,7 milhões da classe C que tinham Ensino Superior completo. Neste ano, o número saltou para 10,2 milhões.
PERFIL - Dos 104 milhões de brasileiros pertencentes à nova classe média, 48% são negros e pardos e 52% são não-negros (brancos e orientais). A maioria, 51%, é composta por mulheres, e 49% são homens - tanto que 35,4% dos lares são chefiados por elas. Quase 20% têm entre 45 e 59 anos e, 17%, de 15 a 24 anos. A parcela que tem entre 25 e 34 anos corresponde a 16,7%.
Veículo: Diário do Grande ABC - SP