Previsões para elevação do PIB em 2011 mudam pouco

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A deterioração do cenário externo não provocou revisões expressivas nas estimativas da maior parte dos analistas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano -há mais mudanças nas previsões para 2012, mas tampouco são abruptas. Para 2011, a maioria dos bancos e consultorias ainda mantém as projeções no intervalo de 3,5% e 4%, principalmente pela força do setor de serviços. Há, porém, quem já tenha feito uma revisão mais expressiva - caso do Credit Suisse, que reduziu a previsão de 3,8% para 2,9%.

 

Para as estimativas de 2012, há um movimento um pouco mais amplo de revisões, refletindo o impacto da expectativa do crescimento global mais fraco sobre o Brasil. Os mais cautelosos apostam em expansão de 3%, mas há quem veja um avanço perto de 4%.

 

O economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, manteve a sua previsão de um crescimento de 3,6% neste ano, reduzindo ligeiramente a projeção para 2012, de 3,8% para 3,7%. Segundo ele, essa redução para a estimativa do ano que vem foi feita antes do forte nervosismo que tomou conta dos mercados nos últimos dias, mas já pressupõe um avanço mais modesto da economia global. Em vez de crescer 4,1% em 2011 e 2012, o Itaú passou a apostar em 3,9% neste ano e em 3,7% no ano que vem. O crescimento mais forte do setor de serviços, amparado na robustez do mercado de trabalho, é um trunfo importante para a atividade neste ano. Bicalho estima que os serviços crescerão 3,9% em 2011, bem mais que os 2,4% esperados para a indústria ou o 1,7% estimado para a agropecuária.

 

O economista do Itaú Unibanco diz, porém, que a sua previsão tem viés de baixa. Ele já trabalha com um cenário mais pessimista, em que o mundo cresceria 3,3% em 2011 e 2,6% em 2012, que pode se concretizar, caso a atividade nos EUA e na Europa fraqueje ainda mais. Nesse cenário, o PIB brasileiro avançaria 3,1% neste ano e 3,2% no ano que vem. "Mas não é um quadro de ruptura, em que poderia haver paralisia dos mercados de crédito. Se isso ocorrer, o crescimento será bem menor."

 

O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, mantém um crescimento de 3,4% para este ano, mas diz que o número pode ser revisado para baixo, caso a tensão que dominou os mercados nas últimas duas semanas demore mais 30 ou 45 dias. "Caso isso se concretize, pode haver algum impacto sobre as decisões de consumo e investimento na economia, levando pessoas físicas e empresários a adiá-las por algum tempo", avalia ele.

 

Para 2012, Borges reduziu a estimativa de alta de 4% para 3,7%. A economia global crescerá menos, afetando as exportações, e os bancos tendem a ser mais rigorosos na concessão de crédito, aposta Borges. Já se houver um aprofundamento da crise global, com a turbulência europeia atingindo os bancos do continente, o crescimento neste ano do PIB brasileiro pode ficar na casa de 2,5% - número que só não seria pior, porque mais da metade do ano já se passou.

 

A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, mantém por enquanto a aposta num crescimento de 4% neste ano, num cenário que não contempla uma desaceleração abrupta da economia global e muito menos uma paralisia do mercado internacional de crédito. "O mercado interno continua dinâmico, com emprego e renda ainda fortes." A força dos serviços compensariam a fraqueza da indústria, afetada pelo câmbio valorizado, que barateia importações e dificulta exportações. Para 2012, porém, ela reduziu a sua estimativa de 4% para 3%, por conta do impacto de um crescimento global menor, que tenderia a desacelerar o PIB brasileiro.

 

O economista Juan Jensen, da Tendências Consultoria, manteve as previsões em 3,9% para 2011 e de 3,7% em 2011. Para ele, ainda não há motivos para alterar as estimativas. "Até o momento, essa crise é diferente da de 2008. Não há uma redução do crédito global."

 


Veículo: Valor Econômico

 


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