Vendas do setor cresceram 7,3% no primeiro semestre; massa salarial e preços mais baixos de bens duráveis também contribuíram para o resultado
A expansão de 0,2% nas vendas do varejo em junho, na comparação com maio, mostra que o setor segue ainda forte, na contramão da indústria. A estabilidade no mercado de trabalho e a massa salarial em alta, aliados aos preços mais baixos de bens duráveis, vêm impulsionando os resultados do comércio no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento no comércio varejista registrado no primeiro semestre de 2011 (7,3%) foi menor do que o observado no primeiro semestre do ano passado (11,5%), mas ainda acima do esperado, apontando que as medidas de contenção do crédito tomadas pelo governo não foram suficientes para segurar o consumo. No varejo ampliado, que inclui ainda as atividades de material de construção e veículos e motos, a expansão foi de 0,5%. "Esta demanda forte é fruto de um mercado de trabalho aquecido, ao mesmo tempo em que temos uma oferta enfraquecendo com a produção industrial", afirmou a economista Helena Veronese, da Mapfre Investimentos. A tendência para os próximos meses ainda é de "resultados bons" para o varejo, segundo ela.
Mesmo com juros mais altos e financiamentos mais difíceis, preços em baixa de produtos como eletrodomésticos, computadores e automóveis estariam atraindo os consumidores. "Nas atividades nas quais há deflação, as vendas vêm crescendo. O preço vem beneficiando o comércio", disse o gerente da coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Reinaldo Pereira.
A atividade de móveis e eletrodomésticos registrou alta de 16,3% no volume de vendas em relação a junho do ano passado, a principal contribuição foi do resultado das vendas do varejo no período, que foi de 7,1%. No acumulado dos últimos 12 meses, a expansão foi de 17,1%, enquanto, no mesmo período, os aparelhos eletrônicos ficaram 5,8% mais baratos, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Outro setor beneficiado pelos preços mais baixos é o de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com aumento de 34,3% no volume de vendas em junho, na comparação com junho de 2010, e expansão de 18,7% nos últimos 12 meses. No mesmo período, os microcomputadores ficaram 13,6% mais baratos e os aparelhos telefônicos, 6,1%.
Na opinião do economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles, com o atual panorama de turbulências internacionais, a tendência é o mercado doméstico sofrer algum impacto negativo. Para ele, o varejo mostra que a demanda doméstica segue firme. "Levando em consideração o novo cenário internacional e olhando para frente, o viés é de baixa, com algum efeito contracionista sobre a atividade doméstica", disse Teles. /
Veículo: O Estado de S.Paulo