Importados são 60% da oferta de bens de capital no Brasil

Leia em 3min 20s

O aumento de 27,3% do déficit da balança comercial da indústria de máquinas e equipamentos já preocupa o setor. No acumulado de 2011, a diferença entre as importações e as exportações chegou a US$ 10,2 bilhões, ante o registrado em igual período de 2010, de US$ 8,1 bilhões.

 

"Estamos perdendo competitividade há muito tempo e o quadro só tende a piorar", avalia Luiz Aubert Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Para tentar reverter este cenário, o setor mantém o nível de investimento em 7% do faturamento total previsto para 2011, atingindo um o patamar de R$ 5 bilhões.

 

Em julho, as exportações somaram US$ 901 milhões, queda de 13,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a julho, as vendas para outros países somaram US$ 6,3 bilhões - alta de 29,5% em relação a 2010. As importações, porém, continuam sendo a pedra no sapato do setor. "Estamos crescendo com a participação significativa de importados", salienta Neto.

 

O empresário diz que, em 2004, de cada 100 máquinas vendidas no Brasil, 40 eram importadas. Hoje, esse número saltou para 60. "A indústria traz de fora e só troca a etiqueta", afirma Neto, acrescentando que mais da metade dos componentes de máquinas produzidas aqui é importada.

 

Nos sete primeiros meses de 2011, as importações somaram US$ 16,5 bilhões, uma elevação de 28,1% sobre o mesmo período de 2010. Máquinas para agricultura foram os principais produtos importados, com alta de 64,7% em comparação a igual período do ano passado.

 

O presidente da entidade reclama que o governo precisa proteger a indústria nacional do mercado externo. No entanto, ele mesmo admite que é difícil brigar com a China, maior importador de commodities do Brasil e o maior cliente do mercado brasileiro de máquinas. "Como vamos brigar com eles?", indaga.

 

Neto ressalta que programas bem estruturados do governo podem contribuir para alavancar a indústria nacional. "É por isso que as políticas públicas podem ajudar o mercado interno, e a principal medida deveria ser a diminuição da taxa de juros", afirma. Ele acredita que a crise econômica mundial deve se intensificar nos próximos dois anos e que o País terá de adotar medidas enérgicas para proteger a indústria brasileira, entre elas a desoneração.

 

Apesar do cenário, a receita bruta do setor chegou a R$ 6,9 bilhões em julho, o que representa um crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a julho, o montante foi de R$ 45,8 bilhões, equivalente a um aumento de 10,3% em comparação a igual período de 2010.

 

Apesar da recuperação, o presidente da Abimaq diz que o setor ainda não conseguiu atingir o faturamento do período anterior à crise de 2008, quando foi registrada uma das maiores receitas.

 

Agrícolas

 

As máquinas agrícolas foram as que mais contribuíram para o crescimento do setor (24,5%), seguidas de hidráulicas e pneumáticas (15,1%), e bombas e motobombas (11,7%). Os segmentos que recuaram foram o de máquinas têxteis (queda de 38,9%), válvulas (20,8%) e máquinas para plástico (1,7%).

 

Mesmo com o número de empregos formais subindo na indústria de bens de capital, o nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) caiu 1,2% em julho de 2011 em relação a igual período de 2010. Hoje, esse índice é de 82,54% no setor. A quantidade de trabalhadores empregados formalmente cresceu 6,4% em julho deste ano em comparação com o mesmo período de 2010, alcançando a marca de 262,2 mil pessoas registradas. A Abimaq alerta, porém, que não há garantias de que esses postos sejam mantidos., uma vez que houve queda na procura por máquinas nacionais.

 


Veículo: DCI


Veja também

Empresas reagem contra plano

Indústrias de móveis e calçados que investiram em inovação e tecnologia oneradas. &n...

Veja mais
Indústria reduz projeção de crescimento

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) revisou para baixo suas expectativ...

Veja mais
Emprego deve desacelerar, mas a renda segue em alta

O mercado de trabalho deve sofrer uma desaceleração nos próximos meses, mas o ritmo menor vai ating...

Veja mais
Economistas descartam corte imediato do juro

Para analistas, País sofre com pressões inflacionárias e crise só deve ter impacto nos pre&c...

Veja mais
Produção de alimentos no campo é a próxima área de atuação do PAS

Em operação desde 1998, o programa de Alimentos Seguros (PAS) planeja sua expansão. Formatado para ...

Veja mais
Maioria das empresas no Brasil gasta mais de 20% com tributos

O custo financeiro das obrigações tributárias ainda é considerado muito alto por grande part...

Veja mais
Cenário passa a ser benigno para queda de juros, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, aproveitou o anúncio da expansão do superávit primário...

Veja mais
Indústria do Rio cresce quase o triplo da média

A pesquisa de nível de atividade e de expectativa da indústria fluminense de agosto, feita pela Federa&cce...

Veja mais
Inflação justifica pesquisa de preços

Diferença anual em cesta de 104 produtos líderes de vendas pode alcançar até R$ 1.944 em alg...

Veja mais