Mantega defende juro entre 2% e 3%

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Taxa ideal similar à de emergentes.


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a inflação alta é tão ruim quanto o juro alto.

Segundo ele, a taxa de juro real ideal para o Brasil é semelhante a de outros países emergentes, ou seja, na faixa de 2% ou 3%. A taxa de juro real hoje no Brasil é de cerca de 5%.

Ele disse, no entanto, que não dá para atingir esse patamar da noite para o dia.

"Não seria prudente fazer isso da noite para o dia. É preciso que as condições sejam dadas, o Banco Central que vai decidir", disse Mantega ao participar de almoço com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"A inflação precisa estar sob controle, porque não há nada que prejudique mais a população e a produção do que a inflação", reiterou.

O ministro afirmou que o BC reduzirá a taxa de juros quando julgar que as condições estão adequadas. Ele voltou a dizer que a pasta da Fazenda está ajudando a criar essas condições ao aumentar o superavit primário e reduzir o crescimento das despesas do governo.

"O BC fará essa redução. Pode ser em um, dois, três anos, quando eu não sei e nem quero saber".

O ministro afirmou que caso a crise internacional fique tão aguda quanto em 2008 e a inflação esteja comportada, nesse contexto os juros poderiam cair, mas ressaltou que essa é uma atribuição exclusiva do Banco Central.

Compulsórios - Mantega também apontou que em um eventual recrudescimento da crise mundial que provoque novo credit crunch, o governo poderia utilizar não só a queda de juros como também liberar parte dos depósitos compulsórios de bancos comercias que estão disponíveis no Banco Central. "Caso haja necessidade de irrigar o mercado de crédito, há cerca de R$ 500 bilhões de reais de compulsórios no BC e uma parcela disso poderá ser liberada, a fim de normalizar as operações no mercado", comentou.

Ele também voltou a dizer que o Brasil está mais preparado para enfrentar a crise do que em 2008. Além de ter espaço para cortar juros, ele lembrou que hoje as reservas internacionais estão em US$ 350 bilhões, quase o dobro do que em 2008.

"Nós temos todos os instrumentos para enfrentar uma crise, mesmo uma crise mais grave. E nós não precisaremos interromper o crescimento por causa disso".

Comentando a recente valorização do dólar, Mantega afirmou que não existe uma taxa de câmbio ideal para o país.

Ele brincou com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, comentando que o pessoal da federação estava mais sorridente por causa da desvalorização do real nas últimas semanas.

Skaf disse que ainda é cedo para dizer que o dólar se acomodou no patamar de R$ 1,80 ou R$ 1,90, e destacou que o dólar a R$ 1,80 é mais saudável para o Brasil.

"O dólar a R$ 1,50 roubava competitividade do produto nacional. Era um real sobrevalorizado". (FP e AE)


Veículo: Diário do Comércio - MG


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