O grupo alimentação voltou a aliviar a taxa do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), mas o resultado da primeira quadrissemana de outubro mostrou que a ajuda do grupo não provocou o mesmo efeito favorável que vinha exercendo sobre a inflação no final de setembro. A avaliação é do coordenador do indicador, Paulo Picchetti, que destacou que o comportamento de alta de outros grupos, como o de habitação, está a compensar a desaceleração média na alta dos preços dos alimentos e pressionando o IPC-S como uma força contrária.
Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou que o indicador de inflação apresentou, na primeira quadrissemana de outubro, taxa de 0,50%, a mesma do encerramento de setembro. A manutenção do resultado se deu no mesmo momento em que a alta da alimentação diminuiu, de 0,55% para 0,47%, a refletir a alta menor do segmento de frutas (de 3,44% para 1,75%) e a queda maior do segmento de hortaliças e legumes (de deflação de 3,88% para retração de 4,42%). A habitação, por sua vez, mostrou avanço de 0,69% no início de outubro ante elevação de 0,65% no final do mês passado, especialmente por conta dos recentes reajustes nas tarifas públicas, como a de água e esgoto na cidade de São Paulo.
"Tem uma história importante por trás deste resultado divulgado hoje [ontem], já que é a primeira vez desde algumas semanas que a alta da alimentação diminuiu e a taxa do IPC-S não acompanhou este movimento", comentou Picchetti. "Com a exceção de transportes [variação positiva de 0,12% ante avanço de 0,14%] e educação [elevação de 0,20%], a alta está disseminada por todos os outros grupos", salientou o coordenador, ao se referir aos outros grupos tradicionais que formam o IPC-S, além do que engloba os alimentos.
De acordo com ele, mesmo entre os grupos não tradicionais, o cenário também é de aceleração. Um bom exemplo deste movimento ficou por conta do grupo serviços, cuja elevação passou de 0,73% para 0,88% entre o final de setembro e o começo de outubro. Outro exemplo em aceleração é o grupo comercializáveis, já com alguns sinais de interferência da alta do dólar ante o real e com elevação de 0,29% na primeira quadrissemana do mês atual contra avanço anterior de 0,25%.
Para Picchetti, a primeira leitura de outubro do IPC-S indica que a taxa final do mês deverá mesmo ficar em torno do nível atual de 0,50%, o mesmo que ele já havia previsto quando divulgou os resultados fechados de setembro. "Até segunda ordem, esta é a projeção média para os últimos três meses de 2011, o que vai resultar num índice acumulado de 6,3% no encerramento do ano", afirmou. "Essa parece ser a trajetória mais provável. O que preocupa é a gente se acostumar com isso, pois uma taxa mensal de 0,50% é um patamar muito elevado para se manter ao longo de um ano e até incompatível com as metas."
Veículo: DCI