Para a Serasa, o resultado aponta para um processo de desaceleração do ritmo de expansão da atividade.
O movimento dos consumidores nas lojas do país recuou 0,3% em setembro na comparação com agosto, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, divulgado ontem. Foi registrada queda de 0,2% no segmento de móveis, eletroeletrônicos e informática e de 0,1% em supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas.
Em contrapartida, foi verificada alta de 0,6% no movimento dos consumidores nas lojas de material de construção e de tecidos, vestuário, calçados e acessórios, e de 0,7% em lojas de veículos, motos e peças. O segmento de combustíveis e lubrificantes ficou estável.
No acumulado do ano, até o mês de setembro, o varejo registra expansão de 9,4%, percentual inferior à alta acumulada até o mês de agosto, de 9,5%, e à de janeiro a julho, que foi de 9,6%. O setor de material de construção se manteve na liderança, com crescimento de 11,7% no acumulado de 2011, seguido pelo setor de combustíveis e lubrificantes, com alta de 8,8%, e pelo de móveis, eletroeletrônicos e informática, com alta de 8,7%.
Para os economistas da Serasa Experian, o resultado de setembro aponta para um processo de desaceleração do ritmo de expansão da atividade varejista no segundo semestre, impactado pelo período de aperto monetário, de dezembro de 2010 até agosto.
"A retomada da trajetória de redução da taxa Selic, conforme decisão recente do Banco Central, deverá amenizar, porém não reverter, o atual processo de desaceleração da atividade varejista nacional", diz a Serasa Experian, por meio de nota. Para a pesquisa, a Serasa Experian monitora as consultas mensais de 6 mil empresas comerciais, divididas por seis ramos de atividade.
Confiança - A alta do dólar esfriou os ânimos dos empresários do comércio varejista, que agora apostam em um Natal com menor presença de importados, em comparação a anos anteriores. Este foi um dos fatores que levaram à quase estabilidade do Índice de Confiança do Comércio (Icec) de setembro (0,1%), na análise do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e ex-diretor do Banco Central (BC), Carlos Thadeu de Freitas.
Para Freitas, as incertezas nas economias doméstica e internacional também tornam os empresários do setor mais cautelosos. "Houve uma piora nas expectativas. Temos hoje um medo maior de contaminação, na economia brasileira, da crise lá fora", avaliou.
Mas ainda é cedo para saber se o atual quadro de estabilidade pode se configurar em uma tendência, na avaliação do economista da CNC, João Felipe Araújo. Mesmo com expectativa de crescimento em menor patamar do que o apurado no ano passado, o mercado de trabalho ainda segue operando em níveis elevados, historicamente. Isso, na prática, ajuda manter a demanda doméstica relativamente aquecida, na avaliação do economista.
No entanto, Araújo fez uma ressalva. A projeção de vendas do comércio para este ano da entidade está oscilando para baixo. "Temos uma estimativa de alta de vendas entre 6% e 6,5% para este ano. Mas agora podemos dizer que está mais para 6% do que para 6,5%", afirmou. Em 2010, as vendas do comércio varejista apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) atingiram alta recorde, de 10,9%, contra ano anterior.
Veículo: Diário do Comércio - MG