Pedidos de fim de ano foram insuficientes

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As encomendas para o fim do ano costumam impulsionar a atividade industrial em agosto, mas não foram suficientes para estimular a produção do setor, que caiu 0,2% em relação a julho. Além da concorrência com os importados, várias atividades ainda têm estoques em níveis altos. As perdas no setor de alimentação chegaram a 4,6%, tornando-se a maior contribuição negativa para o recuo.

No entanto, o bom desempenho da produção de bens de capital, única categoria a registrar expansão no período, aponta para uma possível recuperação em futuro próximo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com agosto do ano passado, a indústria chegou a registrar aumento de 1,8%, graças ao maior número de dias úteis no mês este ano.

Mas, tanto na comparação com 2010 quanto com o mês imediatamente anterior, a produção de bens de capital é o que tem sustentado a atividade: o aumento foi de 0,9% ante julho, e de 8,6% na comparação com agosto do ano passado. O resultado foi impulsionado pelos bens para equipamentos de transporte (+18,4%), fins industriais (+10,5%) e construção (+13,8%).

"Dada a relação de bens de capital com investimento, (esse aumento) dá uma qualidade para o resultado da produção de agosto, mesmo com esse quadro de estabilidade que o setor industrial vem mostrando nos três últimos meses", avaliou o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo.

Ele ressaltou que houve investimento em modernização de parque produtivo, o que poderia significar um futuro melhor para a indústria. "Embora os índices de confiança do empresário mostrem redução contínua nos últimos meses, esse resultado e a maior importação de máquinas e equipamentos também podem ser uma leitura de um horizonte melhor", apontou Macedo.

Projeção - Na avaliação do economista do Besi Brasil, Flávio Serrano, a produção industrial deve avançar entre 1% e 2% em 2011. Serrano disse que a queda de 0,2% de bens intermediários em agosto, em relação a julho, comprova que os temores sobre o cenário internacional e a demanda externa mais fraca estão impedindo a indústria brasileira de crescer.

Mas a produção de máquinas e equipamentos mostra, segundo ele, que a tese de desindustrialização é "furada". "Não se pode dizer que o setor está se desindustrializando se está produzindo e importando bens de capital.  uma indústria que está investindo e que não está passando por um colapso", avaliou o economista do Besi.

Já o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) atenta que há forte desaceleração da produção de bens de capital desde dezembro de 2010. "A produção de bens de capital fechou 2010 com crescimento de 20,9%, e hoje o crescimento está em 6,8% (no acumulado) em 12 meses. Está desacelerando muito rápido", alertou o economista-chefe, Rogério César de Souza. O Iedi prevê que a produção industrial feche 2011 entre 2% e 2,3%. No acumulado de 12 meses encerrados em agosto, o índice já está em 2,3%.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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