Um terço dos investimentos anunciados é da indústria

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Os anúncios de investimento para o Brasil durante o primeiro semestre concentraram-se na indústria de transformação, para a qual foram divulgados projetos no valor total de US$ 55,1 bilhões, o que representa praticamente um terço do total de US$ 165,6 bilhões divulgados. O segundo setor com maior valor em anúncios de investimento foi a indústria extrativa, com US$ 36,5 bilhões.

Os dados são da Rede Nacional de Informações sobre o Investimento (Renai), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento (Mdic). Com o objetivo de refletir a intenção de investimentos, o relatório do Renai consolida dados de novos projetos anunciados no período em análise, mesmo que sejam executados ao longo de vários anos. O relatório reúne divulgações oficiais na mídia, além de dados fornecidos pelo Banco do Nordeste, por federações de indústrias e pelas Secretarias de Desenvolvimento e Indústria de todos os Estados e do Distrito Federal.

Dos US$ 165,6 bilhões anunciados no primeiro semestre deste ano, 40% devem ser direcionados para projetos de expansão enquanto outros 40% são novos empreendimentos. Dentro da indústria de transformação, o setor que recebeu o maior volume de anúncios de investimento foi o eletroeletrônico, com US$ 13,7 bilhões, seguido por derivados de petróleo e biocombustíveis.

Atrelados à expectativa de aumento da demanda doméstica, os investimentos anunciados no setor de alimentos e bebidas ficaram como terceiro maior volume de recursos, com US$ 6,8 bilhões. Os segmentos de metalurgia e de máquinas e equipamentos devem receber, cada um, US$ 6 bilhões.

Entre os investimentos estrangeiros, o Reino Unido está no topo da lista levando em consideração a origem de recursos, com um total de US$ 32 bilhões em projetos divulgados no primeiro semestre. O segundo país mais representativo é a Espanha, com US$ 16,6 bilhões e Taiwan, com US$ 12 bilhões.

Há grande concentração de recursos nas faixas de maior valor nos projetos anunciados. De um total de 374 projetos divulgados, apenas 27 totalizam US$ 120,4 bilhões em investimentos.

Em número de anúncios por empresas de capital estrangeiro, os Estados Unidos lideram, com 41 projetos em segmentos diversos. "A diversidade de setores encontrada é reflexo da tradicional presença de empresas norte-americanas de diferentes segmentos econômicos no Brasil", diz Eduardo Celino, coordenador-geral da Renai. Entre os setores mais representativos estão máquinas e equipamentos, alojamento, armazenamento e eletroeletrônicos. Juntos, os quatro segmentos representam 64,2% do valor total anunciado pelos americanos no Brasil no primeiro semestre.

"O destaque para a indústria de máquinas e equipamentos reflete o interesse americano pelo dinâmico mercado de construção, pelas oportunidades no setor automotivo e no de petróleo e gás." Os investimentos americanos anunciados de janeiro a junho somam US$ 9,6 bilhões. O segmento de máquinas e equipamentos representa 28,6% desse valor.

Além dos Estados Unidos, a Alemanha também é importante origem de anúncios, com total de 13 projetos, nos quais os recursos projetados para setores intensivos em tecnologia, como máquinas e equipamentos, são importantes. Do US$ 1,6 bilhão anunciado em investimentos pelos alemães durante o primeiro semestre, cerca de US$ 1 bilhão está destinado para o segmento de máquinas e equipamentos, além de veículos, carrocerias e reboques.

A China é o terceiro país em número de investimentos anunciados, mas com perfil de interesse diverso do americano e do alemão, com nove projetos no valor total de US$ 4 bilhões. Desse valor, US$ 2,4 bilhões devem ser destinados a um projeto na Bahia, para esmagamento de soja e refino de óleo.

Para Celino, a nova crise global trouxe a percepção de que a economia doméstica tem crescido enquanto há desaceleração em outros mercados. Isso, acredita, continuará contribuindo de forma positiva até o fim de 2011 e deve levar a um novo recorde no investimento total anunciado no ano.

Os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo também estão dando sua contribuição na expectativa de aumento de demanda doméstica. Nesse caso, diz ele, esses eventos não contribuem somente com projetos de investimento para infraestrutura e logística, mas também com investimentos voltados para atender uma disponibilidade de renda direcionada a aumento de consumo de bens e serviços. O segmento de alojamento e alimentação, exemplifica, é o sétimo na classificação de investimentos anunciados por setor, com US$ 3,5 bilhões em projetos divulgados.


Veículo: Valor Econômico


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