Incertezas levaram à redução no preço de alguns itens no exterior, mas tendência é de alta
O aumento nos preços dos alimentos foi uma das principais influências para a alta da inflação nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E não se engane com a redução nos preços de alguns itens. Se depender da performance das commodities (produtos básicos comercializados no exterior), a inflação continuará sob forte pressão nos próximos meses, afirmam analistas. Apenas neste ano, os alimentos acumulam alta de 4,17%, sendo que, desde janeiro, as carnes subiram 12,53%; o frango, 11,78%; e o açúcar refinado, 20,95%.
“Por conta das incertezas no cenário mundial, o preço desacelerou um pouco. Mas a demanda de produtos não, especialmente dos países emergentes como China e Índia”, diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. “Por isso, achar que a redução do preço das commodities já é desculpa para diminuir juros, é um equívoco”, avalia. E o Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br), que calcula a variação em real dos preços dos produtos cotados internacionalmente, é prova disto. O indicador avançou 7,8% em setembro, acumulando 24,8% em 12 meses. “Queda no preço agora, só se vier uma crise mais forte na zona do euro, que contamine os Estados Unidos e o Brasil”, diz.
Para a economista Amarilis Romano, da Tendências Consultoria, não há razão para acreditar que teremos qualquer queda nos preços no curto prazo. “É verdade que lá fora os preços caíram um pouco, mas isto é resultado do período recente de incertezas”, ressalta ela.
Já Fábio Silveira, sócio-diretor e economista-chefe da RC Consultores, acredita que o brasileiro pode esperar uma redução nos preços dos alimentos no final do ano. “Estamos vendo movimentos rápidos que dão a sensação de que os preços estão subindo, mas isto não é uniforme”, ressalta. “Tivemos um pequeno repique por conta da desvalorização cambial e do movimento ainda suave de queda dos preços na primeira quinzena de setembro. Mas na segunda quinzena de setembro os preços já começaram a cair.”
Veículo: Brasil Econômico