O custo da cesta básica de alimentos voltou a subir em Porto Alegre no mês de outubro. Segundo o Dieese, a alta de 1,93% em comparação com setembro manteve a Capital gaúcha como a mais cara entre as 17 regiões metropolitanas pesquisadas no País pelo terceiro mês consecutivo.
De acordo com o levantamento, para comprar os 13 produtos fundamentais para a alimentação, o consumidor precisou gastar R$ 277,34 no mês passado em Porto Alegre (no mês anterior, as despesas foram de R$ 272,09). Já em São Paulo, cidade que até julho ocupava o posto de mais cara do Brasil, o desembolso foi de R$ 266,97.
"Essa diferença, de quase R$ 10,00, e as poucas expectativas de queda nos preços até o final do ano nos levam a projetar que Porto Alegre vai permanecer como a mais cara do País", afirmou a economista Daniela Sandi, responsável pelo levantamento no Rio Grande do Sul.
A alta nos preços em Porto Alegre é verificada, também, no acumulado entre janeiro e outubro, quando a cesta básica subiu 9,99%, e nos últimos 12 meses, quando a variação foi de 12,19%. A inflação calculada pelo INPC foi de 4,61% nos dez primeiros meses de 2011 e de 7,3% nos últimos doze meses. Com isso, os gastos com alimentação corresponderam em outubro a 55,31% do salário-mínimo líquido, contra um comprometimento de 52,69% no mesmo mês do ano passado.
Embora a maior alta tenha sido verificada no preço do tomate, que subiu 6,23% no último mês e acumula alta de 55,65% no ano, a economista do Dieese explica que o mais preocupante é o preço da carne, que subiu 3,42% em outubro (passou de R$ 16,07 para R$ 16,62), já que o produto é responsável por 37% do total do gasto mensal na cesta básica. O tomate é o terceiro item de maior peso e responde por 10,5% do conjunto.
Dos 13 produtos que compõem a cesta básica, apenas três registraram queda no último mês: arroz (-1,73%), banana (-7,46%) e açúcar (-1,30%). O movimento de ascensão nos demais preços é atribuído a fatores climáticos, que prejudicaram as pastagens e provocaram quebras de safra, além dos baixos estoques de produtos como o trigo e da valorização cambial, que influencia o preço do óleo de soja.
O Dieese estima que o salário-mínimo necessário para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas (conforme estabelece a Constituição) seria de R$ 2.329,94, o que corresponde a 4,27 vezes o mínimo em vigor, que é de R$ 545,00. Ainda assim, Daniela aponta como positivas as políticas de valorização do salário-mínimo, que o fizeram subir 741,18% desde o início do Plano Real (em 1994). Neste mesmo período, a cesta básica ficou 316,11% mais cara e a inflação foi de 301,54%, segundo o INPC.
Veículo: Jornal do Comércio - RS