Esquenta guerra comercial com a Argentina

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Fala de Fernando Pimentel sobre protecionismo de parceiro do Mercosul é rebatida por ministra do país vizinho



Brasil tem superavit, diz Debora Giorgi após Pimentel apontar dificuldade em lidar com argentinos


As palavras do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro, Fernando Pimentel, anteontem, em Nova York, causaram repercussão na imprensa e entre empresários na Argentina. O ministro disse que, para o Brasil, a Argentina vem sendo um "problema permanente", referindo-se às recentes medidas protecionistas adotadas por este país.

A ministra da Indústria argentina, Debora Giorgi, disse ontem, por meio de um comunicado, que a realidade do comércio bilateral entre Argentina e Brasil não corresponde ao comentário. Giorgi lembrou o superavit favorável ao Brasil -atualmente de US$ 6 bilhões- e o quanto as compras argentinas de produtos brasileiros aumentam.

"Nas relações comerciais com o Brasil, tanto bilaterais como no âmbito do Mercosul, sempre seguimos pautas normativas dos tratados regionais e normas da Organização Mundial do Comércio."

O presidente da União Industrial Argentina, José Ignacio de Mendiguren, reagiu: "Os números mostram que essa declaração é injusta".

Mendiguren ainda lembrou que, "nos últimos 80 meses, o Brasil tem tido uma balança positiva com a Argentina. As exportações desse país aumentaram 25%".

Em entrevista à agência Dow Jones, Pimentel declarou que, com relação à Argentina, o vínculo político era bom, "mas, economicamente, é difícil lidar com eles".

Na semana passada, o governo argentino havia anunciado uma nova política de travas à importação, exigindo uma declaração com a justificativa de compra de cada produto que entra no país.

"Sempre nos perguntamos até onde iria a paciência do Brasil", disse à Folha Mariano Lamothe, da consultoria Abeceb. "Há alguns anos a Argentina vem colocando restrições ao comércio, ampliando pedidos de licença, até pedindo diretamente que empresas não importem."

Os problemas entre os dois países, recorrentes desde 2004, agravaram-se no ano passado quando o governo Dilma decidiu frear a importação de automóveis, medida que afetou todos os países, mas sobretudo a indústria automobilística da Argentina como resposta a outras medidas protecionistas.

Para Miguel Ponce, porta-voz da Câmara dos Importadores da Argentina, a reação do governo brasileiro é "natural". "Há marchas adiante e marchas atrás; isso acontece porque se trata de uma relação intensa", disse Ponce.



Veículo: Folha de S.Paulo


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