Pressão exercida pelos alimentos deverá ser menor

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Preços dos alimentos serão impactados pela desvalorização das commodities


Apesar de o preço dos alimentos ter pressionado, mesmo que levemente, a inflação no primeiro mês de 2012, o cenário não deverá permanecer ao longo deste exercício. A avaliação foi feita por economistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, que relacionaram a alta dos preços dos alimentos observada em janeiro ao período chuvoso. Segundo eles, a expectativa é de que a própria inflação recue no decorrer dos próximos meses, chegando ao final do ano em 4,5%, contra os 6,5% registrados no acumulado de 2011.

Na avaliação do analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de Minas Gerais (IBGE Minas), Antônio Braz de Oliveira e Silva, a pressão por parte dos alimentos é tradicional no início do ano, em função do alto índice de chuvas que acaba prejudicando, principalmente, a produção de tubérculos, raízes, frutas e legumes. Conforme Silva, já para fevereiro é aguardada queda dos preços, uma vez que a entressafra de alguns itens terminou.

"O preço da carne, por exemplo, já era para ter apresentado retração em janeiro, assim como ocorreu no restante do país. Como na capital mineira ainda não houve o recuo, é possível que o mesmo seja observado ainda neste mês", explica.

O economista do IBGE Minas destaca que em janeiro o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de 0,66% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), superando a média brasileira de 0,56%. O resultado pelo instituto na Capital também foi maior do que o verificado em dezembro de 2011, quando a inflação oficial oscilou 0,43%. "Por outro lado, a variação da inflação oficial em Belo Horizonte foi inferior à verificada em idêntico período do ano passado, quando a oscilação chegou a 1,15%", diz.


Transportes - Silva lembra ainda que no primeiro mês deste exercício, o grupo "transportes" foi o principal responsável por puxar a inflação na Capital, com variação de 1,35%. Em seguida aparecem alimentos e bebidas (0,97%) e despesas pessoais (0,64%).

Já o coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wanderley Ramalho, aposta que a inflação em 2012 deverá se comportar melhor do que no ano passado. Segundo ele, a começar pelos preços dos alimentos, que sofrerão influência da possível desvalorização das commodities agrícolas no mercado internacional.

"Tudo indica que a demanda por esses produtos deva enfraquecer, em função da própria desaceleração econômica mundial. Por isso, não vejo nenhum alarde quanto ao preço dos alimentos em 2012", afirma.

Conforme o levantamento dos preços ao consumidor em Belo Horizonte realizado pelo Ipead, o índice encerrou janeiro com alta de 2,6%. A variação registrada na Capital ficou acima da verificada no mesmo período de 2011, quando a inflação na cidade atingiu 2,17%.

Na opinião de Ramalho, no primeiro mês de 2012, o grande vilão da subida de preços foi o aumento do salário mínimo. A segunda maior influência veio dos cursos de primeiro grau, cujas mensalidades subiram 11,46% em janeiro, seguidos pelos cursos universitários (8,37%), ônibus urbano (7,03%) e pelo Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), com variação positiva de 6,56%.

O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBS) Antônio Carlos Porto Gonçalves, por sua vez, acredita que em virtude de os alimentos já terem pressionado a inflação nos últimos anos, seja bem provável que neste exercício ocorra o oposto, em sinal de uma acomodação dos preços. "De uma forma geral, a inflação não vai ficar muito pressionada neste exercício, já que a própria economia está desacelerando em todos os setores, inclusive na indústria", explica.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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