Bancos privados cedem às pressões do governo e reduzem taxas de juros

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Itaú e Bradesco se juntaram ontem a Santander e HSBC e diminuíram custo do dinheiro para clientes; Planalto celebra, mas ainda vê timidez


Os quatro maiores bancos privados do País responderam às pressões do governo e diminuíram as taxas de juros cobradas dos clientes em várias modalidades de financiamento. Ontem, Itaú e Bradesco, 1.º e 2.º do ranking privado, respectivamente, nem sequer esperaram o término da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para anunciar reduções nos juros para pessoas físicas e empresas.

Também antes do Copom, o Santander, terceiro maior, informou a criação de uma nova conta corrente com juros menores para pessoas físicas. Terça-feira, o banco já havia baixado taxas para as empresas. "São produtos que estavam em estudo havia muito tempo", disse o vice-presidente da rede comercial do Santander, Pedro Coutinho.

O Estado apurou que o banco anunciará, nos próximos dias, queda dos juros em vários produtos - desta vez, especificamente em reação ao resto do mercado. Há uma semana, o HSBC, quarto maior privado, foi o primeiro entre seus pares a diminuir taxas.

Embora neguem publicamente, os bancos privados respondem à demanda do governo. Uma prova disso é a divulgação de Itaú e Bradesco antes de o Copom cortar a taxa básica de juros (Selic) para 9% ao ano. Em geral, os bancos aguardam a decisão do Banco Central para anunciar redução nas taxas (quando, evidentemente, a Selic cai).

O Itaú baixou as taxas para financiamento de veículos, empréstimos consignados e algumas linhas para micro e pequenas empresas. Além disso, criou um pacote para clientes que têm conta salário no banco.

"Gostaríamos de poder reduzir mais as taxas, mas neste momento identificamos um cenário de inadimplência mais elevado do que o normal. É desejável diminuí-la para que tenhamos juros mais baixos", afirmou, em nota enviada ao Estado, o presidente do Itaú, Roberto Setubal.

O Bradesco ampliou em R$ 15 bilhões a disponibilidade para a concessão de crédito em 2012. Desse total, R$ 9 bilhões são para pessoas físicas, R$ 5 bilhões para empresas e R$ 1 bilhão para capital de giro e crédito para compra de máquinas e equipamentos. O banco indicou, ainda, que outras reduções devem ocorrer.

Reação. O governo ficou satisfeito com a decisão dos grandes bancos privados, mas ainda a considera tímida. "Foi uma boa sinalização", disse um interlocutor da presidente Dilma Rousseff. O governo agora quer ter certeza de que o movimento não foi apenas uma forma de fingir que a pressão foi atendida.

A intenção é monitorar as taxas dos bancos por um período e também as condições gerais dos cortes anunciados. O governo acredita que a redução dos juros é fundamental para que a economia cresça 4% neste ano.

Se houver necessidade, os bancos oficiais serão usados de novo para pressionar a concorrência. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal reduziram taxas na primeira semana do mês.

O Planalto avalia que os privados têm "muita gordura para queimar". A presidente Dilma vai continuar acompanhando o assunto pessoalmente.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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