Marfrig negocia rolagem de dívida com BNDES

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Pressionada por uma dívida líquida de R$ 8,3 bilhões, a Marfrig está negociando a rolagem de um pagamento de R$ 250 milhões a R$ 270 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), referentes ao vencimento, em julho, do cupom anual das debêntures obrigatoriamente conversíveis compradas pelo banco de fomento em 2010.

Conforme apurou o Valor, a Marfrig pretende postergar o pagamento ao menos dessa parcela para o vencimento final das debêntures, em julho de 2015, momento em que os papéis detidos pelo BNDES, que já tem participação de 14% no capital da companhia, serão finalmente convertidos em ações.

Procurada, a Marfrig afirmou que só vai se pronunciar sobre o tema por meio de comunicado formal ao mercado. Não está claro se as tratativas entre a empresa e o banco de fomento também incluem a rolagem do pagamento dos cupons referentes à julho de 2013, 2014 e 2015. Acrescidos à parcela deste ano, esses cupons podem chegar a R$ 1 bilhão, caso a taxa média dos Depósitos Interfinanceiros, a Taxa DI, permaneça estável.

Também procurado, o BNDES informou que "os termos e condições dos pagamentos de juros são os que estão previstos na escritura das debêntures". A resistência do BNDES pode frustrar o planos da Marfrig, que vê na negociação uma oportunidade de ganhar fôlego e, com isso, pagar os juros das debêntures apenas quando a empresa "tiver maior musculatura", conforme afirmou uma fonte ao Valor.

Desde o ano passado, a Marfrig trabalha na reestruturação de seus negócios para reduzir custos e gerar caixa. E a rolagem dessa dívida poderia aliviar a situação da empresa, ao menos no curto prazo. Com um índice de alavancagem (relação entre dívida líquida total e Ebitda) de 4,5 vezes, a Marfrig encerrou o primeiro trimestre deste ano com uma dívida de curto prazo (que vence em um ano) de R$ 3,022 bilhões.

A companhia deverá, ainda, pagar R$ 100 milhões à BRF - Brasil Foods entre junho e outubro, como parte da operação de troca de ativos entre as duas empresas aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na última quarta-feira.

Como estratégia para reforçar a estrutura de capital da Marfrig, o adiamento da dívida com o BNDES se somaria, ainda, ao montante de US$ 390,1 milhões recebido em abril pela venda, à americana The Martin-Brower Company, das operações de logística para redes de fast food da Keystone Foods, subsidiária da Marfrig.

As debêntures obrigatoriamente conversíveis em posse do BNDES remontam justamente à aquisição, em 2010, da Keystone Foods, uma das maiores fornecedoras globais de processados de carnes para redes de restaurantes como o McDonald's, e que reforçou a estratégia da Marfrig de crescer com produtos industrializados.

Para a levantar os recursos para a aquisição da Keystone - cerca de US$ 1,26 bilhão -, a Marfrig emitiu, naquele ano, R$ 2,5 bilhões em debêntures conversíveis em ações no prazo de cinco anos, subscritas em sua totalidade pelo BNDESpar, braço de participações do banco estatal. As debêntures preveem o pagamento anual de um cupom, calculado pela variação acumulada da Taxa DI em um ano mais um spread de 1%.




Veículo: Valor Econômico


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