Obras nas principais avenidas da Capital prejudicam as vendas

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Redução na receita das lojas pode alcançar os 60%.

O grande volume de obras nos principais corredores de trânsito de Belo Horizonte tem prejudicado o varejo. A constatação é do presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato. As intervenções vêm causando diversos transtornos aos comerciantes e podem ter significado uma perda de 50% a 60% na receita para os lojistas da região metropolitana. De acordo com ele, este não é um valor absoluto, trata-se apenas de uma projeção baseada em conhecimento sobre o varejo local.

Lojas, bares, lanchonetes e restaurantes estão sendo os estabelecimentos mais prejudicados pelas obras, que provocam congestionamentos, acúmulo de entulho nas ruas, fechamento do trânsito aos pedestres em alguns trechos e dificuldade de estacionamento para os clientes. "O consumidor que pretendia comprar, por exemplo, uma máquina de lavar hoje, mas foi impossibilitado, o fará amanhã. Já o que não tomou café da manhã ou almoçou fora, naturalmente não vai fazer uma refeição adicional depois", explica Donato.

A solução para a diminuição do prejuízo poderia estar no planejamento que, por sinal, anda deixando muito a desejar. A principal reclamação dos comerciantes é a falta de informações sobre o que será feito e o fato de a maioria das obras terem sido anunciadas faltando pouco tempo para o início das intervenções. E foi o que ocorreu na Savassi. A lentidão na entrega dos trabalhos de revitalização, que duraram pouco mais de um ano, fez com que 51 lojas fechassem as portas. Com tudo pronto, a lógica seria que por lá o clima fosse de otimismo. Mas não é.

De acordo com a presidente da Associação dos Lojistas da Savassi (Alsa), Maria Auxiliadora Teixeira, os novos ares da região não trouxeram o consumidor de volta. "A falta de estacionamento, aliada à fuga de clientes que agora estão buscando outros centros comerciais, está comprometendo as vendas", diz a empresária, que trabalha há 22 anos no ramo de semijoias e acessórios.

Além do prejuízo de 50% nas vendas, as obras ainda trouxeram o fechamento de lojas tradicionais, além do pesadelo do desemprego na região. O Café da Travessa, localizado no epicentro das intervenções, por exemplo, perdeu quase 90% do movimento e do faturamento. Com tamanho prejuízo, a saída do proprietário, Fábio Campos, foi fechar as portas e demitir 10 funcionários.

Região Nordeste -Na região Nordeste, a realidade não é diferente. Antes mesmo de chegar à avenida Silviano Brandão, um dos polos moveleiros de Belo Horizonte, as obras do BRT (Serviço de Transporte Rápido), que estão sendo feitas na avenida Cristiano Machado, já causaram prejuízos de R$ 9 milhões. As intervenções tiveram início em dezembro de 2011 e estão tirando o sono de comerciantes da região, que alegam queda nas vendas, demissão de funcionários e até fechamento de lojas.

As obras mal começaram e o cruzamento das avenidas Silviano Brandão e Cristiano Machado foi fechado, gerando grandes prejuízos aos lojistas, já que houve acentuada queda no movimento de pedestres no local.

Com isso, o fluxo nas lojas diminuiu cerca de 60% e, conseqüentemente, houve retração no faturamento. O reflexo da crise é que a cada dia aumenta o número de demissões nas lojas da região. Até agora, sete estabelecimentos já foram fechados e outros estão aguardando negociações com proprietários dos imóveis para decidir qual decisão tomar. A previsão é de que novo bloqueio seja feito na região assim que as obras da Cristiano Machado chegarem ao local.

Enquanto isso, comerciantes amargam prejuízos por todos os lados. Localizada no epicentro das obras, a loja de móveis Lide Art Decor já contabilizou recuo nas vendas da ordem de 50% ante ao mesmo período do ano passado. Para a proprietária Eliana Reis, um dos problemas gerados pela intervenção diz respeito à carga e descarga na região."Não temos mais estacionamento. Agora os caminhões têm que descarregar os móveis do outro lado da rua", reclama.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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