Elevação dos custos da agroindústria deve ser repassado aos supermercados
Em 12 meses, a cotação da saca da soja subiu 37,9% em Santa Catarina, passando de R$ 40,50, em maio do ano passado, para o preço recorde de R$ 56 registrado na última semana.
A valorização preocupa o agronegócio do Estado, porque a oleaginosa é um fator importante nos custos de produção de aves, suínos e leite, o que, no final das contas, acaba respingando na mesa do consumidor.
A soja é a segunda maior cultura catarinense, atrás apenas do milho em área plantada e produção, mas foi mais castigada pela estiagem.
A quebra da safra estadual chega a 24,5% em relação ao ano passado, apontam dados da Epagri. Em volume, a produção cairá de 1,49 milhão para 1,12 milhão de toneladas. A seca, que reduziu em 20 milhões de toneladas as safras brasileira e argentina, dois dos principais produtores mundiais, ajuda a explicar a alta, mas a soja é uma commodity (com preço negociado em bolsa) e sua cotação está atrelada a outros fatores.
Impacto do dólar e do mercado internacional
O presidente da Cidasc, Enori Barbieri, ressalta mais dois: a valorização do dólar, que atingiu o patamar de R$ 2 pela primeira vez desde 2009, e o desequilíbrio do mercado global. Houve aumento de demanda da China, maior importador, em 7 milhões de toneladas, e previsão de redução de área plantada nos Estados Unidos, maior produtor.
Barbieri afirma que 85% da safra brasileira já foi comercializada e pode até faltar produto para as indústrias. A tonelada de farelo, usado na ração, saltou de R$ 500 para R$ 900.
– O aumento de custos está reduzindo a margem de lucro das agroindústrias e deixa o setor em alerta.
Nas regiões do Estado onde a perda com a estiagem foi menor, os agricultores comemoram. No Oeste, os produtores lamentam.
José Cadore, de Chapecó, colheu 22 secas por hectare, menos da metade do ano passado. Ele diz que não sobrará dinheiro para próxima lavoura.
O gerente comercial da Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa), com sede em Chapecó, Lourenço Lovatel, acredita que a alta da soja ao menos compensará o reajuste dos insumos. Mas em casos específicos, como o da carne suína, a pressão nos custos deve chegar aos supermercados.
– O quilo do farelo de soja custa R$ 1, e o do suíno, que precisa de três quilos diários de ração, é R$ 1,90.
Veículo: Diário Catarinense