Minas pode crescer acima do país

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Governo faz projeção com base no resultado do 1º trimestre mas economistas estão mais céticos.


Mesmo com a crise na Europa e nos Estados Unidos e da queda nas exportações de importantes itens da balança comercial mineira, a expectativa do governo do Estado é de fechar este ano com um crescimento econômico acima do nacional. Porém, a previsão da secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, contraria a avaliação de especialistas e representantes do setor produtivo de Minas Gerais.

No ano passado, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) mineiro ficou no mesmo patamar do nacional (2,7%), conforme o Centro de Estatística e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP). O resultado, apesar de positivo, revelou uma quebra no ritmo de crescimento "chinês" que Minas Gerais havia registrado em 2010. Na época, o PIB ficou 10,9% acima do de 2009. Já o Brasil, havia crescido 7,5% no mesmo período.

Em 2011, os setores industrial e de serviços cresceram, em termos reais, 1,9% e 3,7%, respectivamente, no Estado. Já no país, as variações foram de 2,9% e 2,7%. O setor agropecuário mineiro registrou aumento de apenas 0,5%. O baixo resultado foi reflexo da sazonalidade da cafeicultura em 2011.

Dorothea acredita que um crescimento acima do nacional neste ano é possível pautando-se em alguns fatores. O principal deles é o fato de os resultados do primeiro trimestre deste ano já terem ficado acima da média do Brasil. Enquanto em Minas o crescimento registrado foi de 2,1% ante o mesmo intervalo de 2011, no Brasil foi de 0,8% na mesma base de comparação. O que colaborou para a expansão do PIB mineiro foram a construção civil e o segmento de serviços, que inclui comércio e transportes, entre outros. Porém, o setor industrial do Estado registrou queda de 0,2% nos três meses do ano. Já no Brasil, houve elevação de 0,1% na indústria. A maior retração ficou por conta do setor agropecuário, que fechou com redução de 1% no Estado e de 8,5% no país.

Diversificação - O segundo motivo de otimismo da secretária de Desenvolvimento Econômico é o fato de o Estado estar investindo na diversificação da economia e na atração de novas empresas com perfis diferenciados. Essa seria uma das opções para evitar uma dependência acentuada de produtos primários, como o minério de ferro, que têm sofrido redução de preços no mercado internacional. "Não podemos esquecer que nós estamos apostando muito em infraestrutura no Estado. Isso sem dúvidas vai atrair novas empresas", afirma.

Ao mesmo tempo que Minas Gerais tem registrado perdas em decorrência de alguns produtos, Dotothea ressalta que há itens que têm passado por elevações de preços e que, por isso, podem compensar as perdas dos demais.  o caso, por exemplo, do milho. A commodity tem se valorizado em decorrência da previsão de quebra da safra norte-americana, alavancada por estiagem na região.

O professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Pedro Paulo Pettersen, não tem uma visão tão positiva quanto ao futuro da economia mineira. Para ele, a tendência histórica de Minas é agir de forma pró-cíclica ao Brasil. Isso quer dizer que, quando o país desacelera o Estado sofre com maior intensidade. E quando há crescimento nacional, a economia mineira tem resultados mais positivos. "Como a economia brasileira vai crescer muito menos que o esperado, a mineira deverá crescer menos ainda", afirma. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o economista aposta em um crescimento abaixo de 2%, o que equivale a uma expansão abaixo da alcançada no ano anterior.

O presidente do Conselho de Política Econômica Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes, não acredita em bons resultados para as indústrias mineiras neste ano. "Não vejo perspectivas de melhora nesse ano. O máximo que podemos conseguir é um incremento de 1% no faturamento, sendo bastante otimista. Há fortes chances de crescimento nulo ou negativo", alerta.

O diretor regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Marcelo Veneroso, acredita que o setor deverá obter crescimento nulo neste ano frente a 2011. "Se tudo continuar como está para o setor, vamos manter o mesmo faturamento, além de fechar com uma ocupação fabril baixa", prevê.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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