Inadimplência é motivo de preocupação dos lojistas

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O pequeno movimento de vendas para o Dia dos Pais ainda deixa os lojistas mineiros apreensivos



O corte nos juros de grande parte das operações de crédito voltadas para pessoa física impulsionou a queda da inadimplência em julho. No mês passado, na comparação com o imediatamente anterior, o índice recuou 0,7 ponto percentual, atingindo 5,8%. O dado integra a Pesquisa de Endividamento do Consumidor divulgada ontem pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas). O estudo, no entanto, revela um número preocupante: entre os que permanecem com o nome sujo, um terço, ou 33,3%, não têm previsão de quando vai conseguir quitar os débitos pendentes.

Conforme o economista da Fecomércio Minas Gabriel de Andrade Ivo, o fato de a população não eliminar as contas em atraso favorece o aumento da inadimplência nos próximos meses. "Inadimplente, o consumidor não tem acesso ao crédito, o que diminui seu poder de compra e propicia uma queda das vendas do comércio varejista", analisa. Ele reforça que a atividade, no momento, é responsável por manter a expansão econômica do país, devido, em parte, às medidas de incentivo ao consumo adotadas pelo governo federal.

Para que a inadimplência não aumente a ponto de prejudicar as vendas do Natal, Ivo frisa a necessidade de se diminuir os juros do cartão de crédito, atualmente em 10,69% ao mês, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Isso porque, o "dinheiro de plástico", por ser prático e acessível, é a linha de crédito mais utilizada e a modalidade de pagamento preferida do comprador. A afirmativa do especialista é corroborada pela pesquisa, que mostra que o cartão de crédito é o principal compromisso financeiro para mais da metade, 55%, dos entrevistados.

Com a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis novos, o financiamento de carros se tornou o segundo maior compromisso financeiro, com 8% das respostas, em julho. "Muitos optaram por aproveitar o benefício fiscal para economizar na compra. No entanto, acredito que uma fatia significativa decidiu adquirir o bem sem traçar um planejamento financeiro consistente, o que exige maior disciplina para controlar os gastos nos próximos meses", argumenta Ivo. Também constam na lista o cheque pré-datado e empréstimos em bancos, ambos com 7%.


Atraso - De acordo com a pesquisa, as contas em atraso ficaram em 42,1% em julho, recuo frente a junho, quando atingiu os 43,4%. A maior parte dos débitos está atrasada por um período entre 30 e 60 dias, 36,6%, seguido pelo período de 61 a 90 dias, 22,5%. A falta de planejamento, 49%, foi o motivo mais citado por adiar o pagamento das contas, o que indica que o mineiro mantém o hábito de comprar por impulso. Também foi mencionado o atraso para receber o salário, 21,6% e as demissões, 16%.

Entre as despesas correntes e essenciais, a energia elétrica lidera os atrasos, com 44%, seguida por água, 21%, e telefone fixo, 17%.

A fim de equilibrar o orçamento e evitar fechar o mês no vermelho, o consumidor traça algumas estratégias. Entre elas, destaca-se a não utilização do cartão de crédito (51%), dando prioridade, dessa maneira, a outras formas de pagamento, como o dinheiro e o cartão de débito. Além disso, os entrevistados pela Fecomércio Minas pretendem cortar gastos com lazer (19%) e energia elétrica (12%).

Para realizar o estudo, a entidade entrevistou 400 pessoas, entre 1º e 3 de agosto.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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