Pagamento de dívidas compromete 42% da renda dos brasileiros

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Quase metade dos rendimentos da família brasileira é gasto no pagamento de dívidas. Esta é a conclusão de pesquisa da Proteste Associação do Consumidor feita com 200 moradores do Rio de Janeiro e São Paulo, 60% deles da classe C. Com uma renda média mensal de R$ 2.401,00, as famílias que participaram da pesquisa informaram pagar dívidas no valor de R$ 1.009,45, em média - o que resulta em um comprometimento de 42% dos rendimentos.

Para a coordenadora institucional da entidade de defesa do consumidor, Maria Inês Dolci, este dado é reflexo da euforia econômica vivida pelas famílias das classes C e D, proporcionada pela expansão do crédito. “Esses novos consumidores gastam mais do que podem e carecem de experiência financeira para aprender a usar o dinheiro que têm.”

Além da facilidade de obtenção de crédito, a pesquisa apontou que a falta de planejamento familiar e as altas taxas de juros praticadas pelo mercado impulsionam o endividamento. Segundo o estudo, quando a família assume uma dívida, paga em média 189% mais por ano que o valor real do bem financiado. “O consumidor tem de ficar atento. Não existe milagre de preços no comércio. Todo o pagamento parcelado terá juros embutidos”, alerta Maria Inês.

Um quinto dos pesquisados dizem que contraíram uma nova dívida desde abril, sendo que quase metade desse percentual o fez para quitar outros débitos. Entre dívidas assumidas há mais tempo, 30% dos entrevistados disseram que ainda estão inadimplentes, mas a expectativa é quitar os valores no médio prazo.

O uso cartão de crédito é outra fonte de problemas à saúde financeira das famílias - 38,1% delas afirmaram não conseguir pagar as faturas na data de vencimento, sendo que o gasto médio é de até R$ 500,00. Com isso, elas entram na modalidade mais cara de endividamento.

Calote do brasileiro cai pelo 2º mês

A inadimplência do consumidor caiu 1,5% em julho na comparação com junho, informou a Serasa Experian. Foi o segundo recuo mensal consecutivo do Indicador de Inadimplência do Consumidor - em junho ante maio a queda havia sido de 0,5%. Em relação ao mesmo mês de 2011, julho apresentou aumento de 10,5%, mas o percentual representa a menor alta desde julho de 2010 na comparação anual. No acumulado do ano, o indicador subiu 17,8%, ante alta acumulada de janeiro a julho de 2011 de 22,5% sobre o período anterior.

As dívidas com os bancos puxaram a queda em julho ao apresentar recuo de 4% ante junho. As dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas e prestadoras de serviço) também caíram (0,8%). Houve aumento de cheques sem fundos e títulos protestados, de 7,9% e 4,8%, respectivamente. O valor médio das dívidas com bancos caiu 1% de janeiro a julho sobre 2011, indo para R$ 1.295,34. Dívidas não bancárias subiram 16,6%, para R$ 351,20 e cheques sem fundos apresentaram alta de 11,4% (R$ 1.476,45).
Juros recuam a patamar histórico

As taxas de juros cobradas das operações de crédito sofreram a quinta redução consecutiva em julho deste ano, ficando em 6,12% ao mês. No ano a taxa ficou em 103,97%. É o menor índice registrado na série histórica da pesquisa iniciada em 1995 pela Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

A taxa de juros média para pessoa jurídica passou de 3,59% ao mês em junho para 3,53% em julho. No cartão de crédito, a taxa média se manteve inalterada em 10,69% ao mês e 238,30% ao ano.

 

Veículo: Jornal do Comércio - RS


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