Combate à inflação chega à cesta básica

Leia em 5min 30s

O combate à inflação parece ter entrado de vez na pauta de prioridades da presidente Dilma Rousseff para este ano. O governo deve fazer, ainda este ano, uma desoneração dos tributos da cesta básica. Dilma afirmou ontem que, "como a lei que definiu a cesta básica é bastante antiga, nós estamos revisando os produtos que integram a cesta, a fim de que possamos desonerá-los integralmente", explicou.

Ela admitiu que a promessa de desoneração dos itens da cesta básica é uma promessa feita no último ano e disse que tentou cumpri-la até o fim de 2012, mas não foi possível porque a ideia inicial era negociar com os estados para que eles também reduzissem os impostos a esses produtos.

Dilma também ressaltou os cortes das tarifas de energia, anunciados pouco antes do reajuste do preço da gasolina. Apesar de defender que o efeito da energia vai anular e superar a alta do combustível, o governo parece ter esquecido de colocar o aumento da oferta de etanol na conta. O índice de álcool na gasolina vai subir de 20% para 25%. O sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, diz que é difícil calcular qual será o efeito exato dessa fórmula na inflação: "A gente fez uma conta que o impacto direto é de 0,2% dois ou três meses depois [do anúncio], mas avaliamos que não é só isso que aumenta. Eu entendo que pela essencialidade da gasolina na vida das pessoas não vai ser pouco [o aumento]".

No entanto, a perspectiva é de queda dos preços. O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) ficou em 0,31% em janeiro, segundo anunciou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV) , contra 0,66% em dezembro. A variação dos preços no atacado foi zero. Amanhã será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).


Governo vai diminuir tributos de itens básicos para combater preços


O governo deve aplicar, ainda este ano, uma desoneração dos tributos da cesta básica. A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que "como a lei que definiu a cesta básica é bastante antiga, nós estamos revisando os produtos que integram a cesta, a fim de que possamos desonerá-los integralmente", explicou.

Em entrevista a emissoras de rádio do Estado do Paraná, Dilma deixou claro que a medida irá contribuir para uma menor taxa de inflação neste ano de 2013. "A inflação, não descuidamos dela em nenhum momento, em nenhuma circunstância. Vários fatores vão contribuir para redução da taxa de inflação neste ano."

Ela admitiu que a promessa de desoneração dos itens da cesta básica é uma promessa feita no último ano e que tentou cumpri-la até o fim de 2012, mas não foi possível porque a ideia inicial era negociar com os estados para que eles também reduzissem os impostos sobre esses produtos. "Nós estávamos negociando com os estados para ver se era possível eles desonerarem também, mas como está muito difícil fazê-lo, agora vamos fazer uma iniciativa só do governo federal e fazer essa desoneração", afirmou.

O principal fator que levará à queda da inflação, segundo a presidente, é a redução de cerca de 18% nas tarifas de energia para pessoa física e 32% para o setor produtivo. Além de beneficiar todas as famílias diretamente na conta de luz, ela disse que a medida estimulará o aumento da produção, das contratações e da competitividade da indústria.

A presidente colocou, ainda, que a redução na taxa de juros começará a ter efeito "a partir de agora". "Isso vai permitir que tenhamos uma situação bem mais estável", disse.

Dilma falou que o Brasil tem contas públicas "inteiramente sob controle" e que é "um País sólido", aproveitando para comparar com outros países. "Nós hoje temos uma relação dívida/PIB [Produto Interno Bruto] de 35%. Os países da Europa, por exemplo, têm taxas de dívidas sobre seus PIBs de 90, 80, 180, 120".

Durante a mesma entrevista a presidente disse que as eleições de 2014 não devem influenciar em nada a política de investimentos do governo federal destinados aos estados. Ela colocou ainda que "em muitos casos, a parceria do governo federal maior é com governos da oposição, porque são os estados maiores". E completou: "eu sou obrigada a ter com o Estado de São Paulo uma relação toda especial". Ela lembrou que no estado reside grande parte da população brasileira e disse que "também é obrigada a olhar o nordeste", porque lá há estados com carências maiores.

Aumento do combustível

Na última semana, a Petrobras anunciou o aumento do combustível sendo de 6,6% para a gasolina nas refinarias e de 5,4% do óleo diesel. A presidente admitiu ontem que esse reajuste deve interferir na inflação mas argumentou que este será muito menor do que o benefício trazido pela redução da tarifa de energia.

Durante o anuncio da mudança, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estimou que o preço da gasolina ficaria cerca de 4% mais alto para o consumidor final.

Para amenizar o resultado da medida, o governo decidiu mudar a proporção da mistura da gasolina dos postos. A partir de maio a quantidade de álcool anidro será de 25% e não mais de 20%. Segundo o sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, "se a gente olhar isso de uma maneira aritmética e estática é claro que o preço da gasolina vai cair, porém é bom lembrar que quando você aumenta o preço da gasolina, você automaticamente exerce pressão de alta sobre o álcool, porque se você aumenta o preço da gasolina acaba empurrando a demanda de pessoas que têm carro flex [que pode utilizar ambos combustíveis], e quando aumenta o preço do hidratado pelo aumento da gasolina começa abrir um diferencial para o anidro".

Na opinião dele, o governo deveria ter esperado para anunciar a mudança na mistura, já que ela irá acontecer apenas em maio. "À medida que você anuncia já, leva os produtores a aumentar os preços. Ninguém vai esperar até maio; esse anúncio deveria esperar mais um pouco, haverá uma pressão de alta na gasolina, no álcool hidratado e no álcool anidro", completou o especialista.

Silveira diz que é difícil calcular quanto vai ser exatamente o impacto dessa alta na inflação geral do ano, pois o combustível influencia em toda a cadeia de produção. "A gente fez uma conta que o impacto direto é de 0,2% dois ou três meses depois [do anúncio], mas avaliamos que não é só isso que aumenta. Eu entendo que pela essencialidade da gasolina na vida das pessoas não vai ser pouco [o aumento]".



Veículo: DCI


Veja também

Consulta pública vai definir a lista de cem produtos que terão tarifa elevada

Caixas de papel, fornos de padaria, ladrilhos especiais, arame farpado, bombas e cilindros hidráulicos e at&eacut...

Veja mais
Preço de importados em dólar cai

No segundo semestre do ano passado os preços médios das importações brasileiras caíra...

Veja mais
Dilma promete desonerar produtos da cesta básica

A presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã desta terça-feira que o governo federal estuda fazer uma deso...

Veja mais
Inflação para famílias com baixa renda sobe em janeiro para 0,98%

O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famíli...

Veja mais
Varejo registra maior movimento em cinco anos

Houve aumento de 13,8% em janeiro sobre igual mês do ano passado, segundo Serasa O movimento no comércio va...

Veja mais
Câmbio faz exportação ser 5% mais rentável

A desvalorização do real em relação ao dólar contribuiu para elevar em 5% a taxa de r...

Veja mais
Mercado espera uma maior alta dos preços para este ano

O boletim Focus, publicado ontem pelo Banco Central, indicou que o mercado espera que a inflação neste ano...

Veja mais
Alimentos têm alta de até 324%

Com as fortes chuvas em boa parte do país, os preços de frutas, legumes e verduras disparam e comprometem ...

Veja mais
Belo Horizonte lidera alta da inflação, puxada pelo preço do material escolar

Belo Horizonte fechou janeiro na liderança de um ranking desagradável. A cidade obteve o maior percentual ...

Veja mais