Boletim regional divulgado ontem pelo Banco Central (BC) mostrou que, no último trimestre do ano passado encerrado em novembro, a atividade econômica do nordeste cresceu 1,2%, enquanto nas demais regiões ou houve ligeiro crescimento ou queda, no período.
O Indicador de Atividade Econômica nacional calculado pela autoridade monetária (IBC-Br), de setembro a outubro avançou 0,5%, vindo de 1,5% do trimestre anterior. Esse cenário, segundo o BC, fez com que o arrefecimento refletisse de forma similar em todas as regiões. Somente no norte (IBCR-N) houve alta de 0,1%, no período, no centro-oeste, seu indicador, o IBCR-CO, recuou 0,7%, assim como caiu o IBCR-SE (do sudeste) em 0,2% e o IBCR-S (do sul), em 0,8%.
De acordo com o boletim do BC, "as perspectivas para 2013 seguem favoráveis para a economia nordestina, em especial no que se refere à recuperação da agropecuária, fortemente atingida pela seca verificada em 2012. Também apoia essa avaliação a continuidade dos investimentos relacionados aos eventos esportivos de 2014, entre outros fatores".
Para especialistas entrevistados pelo DCI, como a economia nordestina não está atrelada à indústria - que apresentou queda em várias regiões -, e, sim, a serviços e comércio, tende a apresentar valores mais positivas nos próximos anos. "Como essa região recebe também muitos benefícios do governo, a população consome, o que é positivo para serviços", afirma o membro do conselho administrativo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Frank Storfer. "No sudeste, a população está mais endividada e, com isso, acaba gastando menos, além de ser uma economia com expressivo peso da indústria", acrescenta o especialista.
"Essa situação mostra que a política de convergência da renda das regiões mais pobres não está tão distante das ricas", diz Márcio Salvato, professor do Ibmec.
A ligeira expansão do norte foi resultado da indústria (alta de 0,8%) e da agricultura, bem como à evolução positiva do crédito (de 4,2%), informou a autoridade monetária. Por outro lado, a geração de empregos e o comércio internacional limitaram o avanço da economia nortista. Com o resultado de novembro, o IBCR-N variou 1,3% em doze meses, comparativamente a igual período do ano anterior.
A queda do IBCR do centro-oeste foi devida às vendas do comércio ampliado, com destaque para o desempenho no Distrito Federal. Em contrapartida, a recuperação da indústria de transformação, em parte explicada pelo maior dinamismo do segmento produtor de medicamentos, evitou que a retração fosse ainda maior. Em doze meses até novembro, a economia da região expandiu 2,2%.
A economia da região sudeste interrompeu no trimestre encerrado em novembro, "tendência de crescimento observada desde maio, em parte, devido ao desempenho desfavorável do comércio ampliado, notadamente do setor automobilístico, não obstante a expansão da indústria", conforme informou o BC no boletim. Desta forma, o indicador da região teve o pior aumento em 12 meses até novembro: 1,1%.
No entanto, o Banco Central destacou, no sudeste, o crescimento acima da média brasileira da indústria mineira em 2012. A produção industrial de Minas Gerais avançou 1,4% em 2012, contra um recuo de 2,8% do Brasil no mesmo período.
No caso do sul, "o comércio, o mercado de trabalho e o de crédito mostraram resiliência, com certa fragilidade sendo observada na indústria". Assim, nos onze meses de 2012, o IBCR-S teve alta de 0,6%.
Expectativas
Para o Banco Central, as perspectivas para a atividade são favoráveis para os próximos meses, ajudada pelo atual mercado de trabalho, melhoria do ambiente externo e o impacto das medidas de política adotadas recentemente.
O diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que o único segmento da demanda no Brasil que mostra fragilidade é o investimento. "Tivemos um problema de oferta no ano passado", afirmou. Isso teve impacto no nível de atividade, mas, segundo dados que já são conhecidos, o BC vê a economia do primeiro trimestre mais "em linha" com as suas projeções.
"As informações disponíveis até agora mostram que a atividade do primeiro trimestre está mais em linha com nossa expectativa", disse Hamilton, lembrando que o BC projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) terá expansão de 3,3% em 12 meses no terceiro trimestre deste ano. Para 2012, a expectativa para crescimento do PIB é de 1%.
O diretor do BC, porém, disse que não é "realista" acreditar em convergência à meta de 4,5% em 2013. Hamilton adiantou, no entanto, que existe uma resistência inflacionária neste primeiro semestre, com tendência de recuo no segundo. Para o professor do Ibmec, a sinalização do BC é de que inflação não preocupa agora e que não haverá aumento da taxa básica de juros (Selic).
Veículo: DCI