Alta do IBC-BR foi de 0,26% em dezembro, resultado que leva o mercado a projetar o crescimento do PIB de 2012 em cerca de 1%
A economia brasileira fechou 2012 com o pior desempenho desde 2009. O indicador de atividade do Banco Central, divulgado ontem, apontou expansão de 0,26% em dezembro, mostrando que a economia está crescendo, mas em ritmo muito lento.
O indicador do BC fechou o ano com uma alta de 1,64%. Para analistas do mercado financeiro, este resultado indica que o resultado do índice oficial do desempenho da economia será ainda menor. O PIB, medido pelo IBGE, deve ter crescido 1%, dizem os economistas.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) tem apresentado resultados superiores aos verificados pelos números oficiais do IBGE, que levam em consideração um leque maior de dados. Por isso, muitos economistas afirmaram ontem que o indicador reforça a expectativa de uma leitura fraca para o resultado do IBGE, que será conhecido no próximo mês.
Em dezembro, o indicador do BC cresceu 0,26%, bem abaixo dos 0,57% de novembro, na comparação mensal. O resultado veio pouco abaixo das projeções do mercado. No quarto trimestre, o crescimento foi de 0,62%, inferior ao verificado no período de julho a setembro, em relação ao trimestre anterior.
Se forem descontados os efeitos sazonais, o desempenho anual do indicador do BC foi ainda pior: avanço de apenas 1,35%.
Diferença. Embora seja considerado indicador que antecipa a tendência para o PIB, o IBC-Br apresentou resultados mais elevados em todos os trimestres de 2012. Enquanto os números do IBGE mostram altas de 0,1%, 0,2% e 0,6% nos três primeiros trimestres de 2012, nas comparações com os trimestres anteriores, o IBC-Br cresceu, nesses períodos, 0,30%, 0,58% e 1,12%.
Os números oficiais do PIB para o ano passado serão divulgados pelo IBGE no dia 1.º de março. Na semana seguinte, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para avaliar se mantém ou não a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 7,25% ao ano.
Reações. O superintendente do Departamento Econômico do Citibank Brasil e ex-integrante do Banco Central, Marcelo Kfoury, disse que "o pior da inflação já veio em janeiro", o IPCA deve mostrar arrefecimento em fevereiro e em março e o governo "não deve olhar para trás".
"Pelo cenário atual, os juros devem ficar parados este ano (em 7,25% ao ano)", afirmou Kfoury, em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo. Na sua avaliação, o IPCA em 12 meses alcança 6,6% em junho, acima do teto da meta (6,5%), mas, depois, perde força.
Para o economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, mais do que o IBC-Br um pouco menor do que o esperado, a queda das taxas está relacionada a uma correção dos exageros recentes. "Nos últimos dias, houve um movimento muito forte de alta. É claro que a probabilidade de aumento da Selic cresceu, mas o Banco Central deve preparar o terreno antes para, se necessário, elevar a taxa no segundo semestre", pontuou Serrano.
A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, disse que o IBC-Br mostra que "a sensação de piora (da economia) ficou para trás". "Já deixamos o fundo do poço. Estamos voltando a crescer de modo lento e gradual", afirmou. Ela prevê alta de 2,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2013.
A consultoria LCA e o Besi Brasil preveem alta de 1% para o PIB de 2012. A Austin Rating vê avanço "ao redor de 1,1%". Mariana Hauer, do Banco ABC Brasil, projeta uma retomada do crescimento, com alta de 3,3% para o PIB de 2013. Andre Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, prevê crescimento de 0,84% para 2012 e avalia que o resultado de 2013 pode decepcionar mais uma vez, ficando em 2%. O Itaú-Unibanco faz uma projeção de 0,9% para 2012.
Veículo: O Estado de S.Paulo