A desaceleração da economia doméstica impactará no desempenho do setor de cartões, que vinha crescendo a taxas próximas de 20% nos últimos anos. As projeções da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), levando em consideração uma alta no PIB brasileiro entre 2,5% e 3% em 2009, são de que o faturamento com cartões avance entre 15% e 20%. Em faturamento, os cartões devem movimentar em 2009, na estimativa da Abecs, algo entre R$ 448 bilhões e R$ 470 bilhões. Por produto, a alta estimada do faturamento com cartão de crédito é entre 14% e 18%. Para o débito, a faixa de crescimento fica entre 20% e 27% e, no caso dos private label, entre 10% e 14%.
A desaceleração do setor, no pior cenário traçado com crescimento de 15%, é forte em relação ao desempenho deste ano, mas ainda assim considerado bom pelo diretor de marketing da Abecs, Marcelo Noronha, também diretor da área de cartões de crédito do Bradesco. "É inevitável que a crise atual chegue ao setor de cartões, mas é importante reforçar o fato de que o crescimento continua, apenas a taxas menores", diz Noronha. "Além da migração de cheque e dinheiro para os cartões, que continua, há uma relação direta com o desempenho da economia, que será pior em 2009." Para Noronha, apesar da piora nas estimativas para o ano que vem, o setor deve continuar investindo na emissão de plásticos, assim como na filiação de novos estabelecimentos comerciais. "Não tenho dúvida de que os investimentos continuarão, no que depender dos cartões a economia não ficará sem crédito em 2009."
O setor de cartões, na estimativa divulgada ontem pela Abecs, termina 2008 com um faturamento de R$ 389 bilhões nas três modalidades de plástico, o que significa um crescimento de 24% sobre 2007. No total, serão 514 milhões de unidades em poder dos brasileiros. "Nossa estimativa inicial era de um aumento de 22% no volume movimentado, mas graças ao crescimento econômico e à migração de meios de pagamento superamos as expectativas", comenta o diretor.
Os cartões de débito mantiveram a dianteira e novamente registram o maior crescimento do ano, com alta de 32% em faturamento, para R$ 112 bilhões, e 217 milhões de unidades em circulação. A seguir, o maior crescimento será registrado pelos cartões de crédito, com alta de 22% em faturamento, para R$ 224 bilhões, e 124 milhões de plásticos no mercado. O menor crescimento deve ser registrado pelos cartões de loja, ou private label. No ano, o faturamento do plástico chega a R$ 53 bilhões, um avanço de 17% sobre o ano passado.
Veículo: Gazeta Mercantil