O varejo avalia que pode ser favorecido pelo pacote, pois os consumidores vão comprometer menos a renda com pagamento de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto de Renda (IR) nos próximos meses, fator que pode contribuir para a reduzir a inadimplência e manter as vendas aquecidas.
O presidente da Fecomercio, Abram Szajman, considera que as medidas de redução de impostos são importantes. "É uma renúncia que deve ser aplaudida, porque no Brasil é muito difícil ter queda de impostos", diz. Em relação à diminuição do IOF, o executivo ressalva ela pode não ter efeito prático diante da resistência dos bancos para liberar mais crédito.
Para o presidente da Alek Consultoria Empresarial, Emerson Kapaz, o efeito da redução do IOF vai depender do "entusiasmo" do sistema financeiro em repassar a redução. "Se o sistema financeiro repassar integralmente a redução da alíquota, os consumidores serão beneficiados e terão um recurso extra para consumir ou pagar dívidas", afirma. Kapaz considerou positivas as medidas anunciadas pelo governo. "O pacote dá uma injeção de recursos no consumidor e pode melhorar sua confiança. E para a indústria automobilística, a redução do IPI permitirá que elas melhorem as vendas de fim de ano e reduzam os estoques."
Para o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Gomes de Almeida, com as medidas anunciadas ontem o governo começou de fato a combater a crise. "São ações mais eficazes, mas o governo também tem que aumentar seus investimentos, rapidamente e com força, para compensar a queda do setor privado", diz. Segundo o economista, as medidas são adequadas por beneficiar as classes de menor renda. Ele diz que desonerar essa parcela da população é a melhor opção para incentivar o consumo. "Se o governo reduzir impostos, é importante colocar esse dinheiro na mão de quem vai gastar, porque hoje há falta de demanda", diz.
Veículo: Valor Econômico