Para economistas, impacto de aumento de remédios na inflação do ano será pequena

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O reajuste nos preços dos remédios, que poderá ser de até 6,31%, conforme publicado ontem no "Diário Oficial da União", terá um peso considerável para a inflação de abril, mas, no ano, terá pouca relevância, apontam previsões de economistas consultados pelo Valor.

Para a Tendências Consultoria, 0,10 ponto percentual dos 0,37% que prevê para o IPCA deste mês virá do reajuste dos remédios. O aumento dos medicamentos em abril deverá ser de 1,91%, pela previsão da consultoria. No ano, o aumento médio dos medicamentos chegará a 4,6%, diluídos entre os meses de abril e julho, e colaborará com um impacto de 0,16 ponto para o IPCA de 2013, previsto em 5,6% pela Tendências.

"Produtos farmacêuticos têm peso de 3,39% no IPCA, o que é bastante. Então, qualquer reajuste tem importância para a inflação", disse Alessandra Ribeiro, analista da Tendências. Ainda assim, segundo ela, o impacto previsto não é o maior problema inflacionário no momento. "Não é o aumento do preço dos medicamentos que preocupa. A inflação está muito disseminada e esse reajuste acaba se diluindo nisso", disse a analista, apontando fatos como a alta persistente dos alimentos e os reajustes ainda pendentes dos transportes coletivos urbanos.

A resolução que determina as faixas de aumento para os remédios definiu reajuste de até 6,13% - variação do IPCA acumulado em 12 meses até fevereiro - para os medicamentos de nível 1; 4,51% para os de nível 2; e 2,70% para o nível 3. Os níveis são determinados de acordo com a quantidade de genéricos disponíveis para o tipo de medicamento: quanto menor as opções de genéricos disponíveis, menor o reajuste permitido, já que esses grupos tendem a ter preços mais altos.

A previsão da Quest Investimentos também considera que o impacto será pequeno: de 0,16 ponto percentual no IPCA de 2013, que deverá ser de 5,5%, de acordo com a consultoria. "Estamos prevendo um reajuste médio de 4,6% para os medicamentos, que será concentrado principalmente em abril e maio, além de um residual em junho", afirmou André Muller, analista da consultoria.

A Rosenberg & Associados aponta para o fato de que, mesmo maior do que no ano passado - o reajuste máximo permitido para os remédios em abril de 2012 foi de 5,85% -, o peso dentro da inflação será menor. Nos 12 meses ante abril do ano passado, quando o primeiro reajuste passou a valer, e março deste ano, o reajuste valeu 0,18 ponto a mais na inflação. Nos 12 meses a partir de agora, sob o novo reajuste, o impacto deverá ser de 0,13 ponto, calcula a consultoria.

A previsão da Rosenberg para o IPCA de 2013, no entanto, se mantém a mesma, de 5,8%. "Temos hoje um vaivém muito grande. Um dia há uma desoneração que subtrai, no outro um aumento que soma. Então esse aumento pode acabar sendo anulado por alguma redução", disse Priscila Godoy, analista da consultoria. Para abril, por exemplo, espera-se ainda um impacto maior das desonerações dadas à cesta básica há um mês que, em março, no entanto, veio em proporção menor do que o esperado.



Veículo: Valor Econômico


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