Medidas de estímulo ao consumo estão no limite

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O período de abril a junho fornece ao varejo duas das suas datas de maior movimento e lucratividade: o Dia das Mães, que só perde para o Natal em vendas, e o Dia dos Namorados. Mesmo com essas duas estrelas do calendário dos lojistas, o índice de intenção de compra no trimestre, numa projeção otimista, é de só 1,3%. Ano passado, o número apurado para o mesmo período foi de 6,1%.

Os dados são da pesquisa trimestral de Intenção de Compra conduzida pelo Provar (Programa de Administração do Varejo), da FIA (Fundação Instituto de Administração) em parceria com a Felisoni Consultores Associados e com a Ebit, consultoria especializada em negócios na internet.

“A desaceleração do consumo no Brasil é um fato. O que mostra que a política do governo de estimular o consumo está chegando ao seu limite”, diz o professor doutor em Economia e idealizador do Provar, Claudio Felisoni de Angelo. Para ele, a desoneração tributária para incentivar o consumo – como o corte no IPI em automóveis e linha branca – é uma medida de efeito imediato, que não resolve uma situação de longo prazo. EM

“O aumento do patamar de consumo de uma sociedade só é sustentável quando se baseia na ampliação da capacidade produtiva da economia que, por sua vez, exige investimentos de longo prazo no setor produtivo”, explica Felisoni. “Ou seja, é preciso investir no setor produtivo, que gera empregos e mais renda. Atualmente, a indústria brasileira está no seu limite produtivo e sem espaço para contratações”, completa.

A pesquisa mostra que o nível de comprometimento da renda das famílias brasileiras chega a 90%, sobrando apenas 10% para o consumo. Ano passado essa disponibilidade no mesmo período era maior: 11,4%.

Com o bolso mais raso, tudo indica que filhos e namorados optem por presentes que não aumentem o nível de endividamento. “Os consumidores estão muito cuidadosos em relação à decisão de compra, por conta da inflação, mesmo com estímulo ao crédito”, diz.

O setor de vestuário e calçados, com 17% das intenções de compra, lidera as intenções de compra do trimestre que, além das datas comemorativas, traz o lançamento das coleções de outono-inverno.

INTERNET

Fato que chama a atenção neste estudo é que ele registrou a maior queda da série histórica relativa à intenção de compra na internet, um recuo de 7,4 pontos percentuais. O número despencou de 83,9% no primeiro trimestre deste ano para 76,5% no segundo. “O consumidor da internet constuma ter uma condição de consumo menos frágil, tem maior capacidade de poupança e menos medo do desemprego. O fato de querer comprar menos pode ser um indício de que os efeitos da inflação estão atingindo até em quem tem mais renda”, analisa o professor.

“Para aproveitar os impostos menores e a ampliação do crédito concedidos nos últimos anos, as pessoas já compraram bens duráveis como carros, motos, geladeiras, televisores. Quem adquire esses bens fica um bom tempo sem precisar trocá-los. Por isso, as políticas de incentivos fiscais são cada vez menos efetivas”, analisa Falsoni.



Veículo: Diário do Grande ABC


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