O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) entrou em trajetória de desaceleração no acumulado em 12 meses, que deve prosseguir até o fim deste ano, disse ontem Salomão Quadros, superintendente-adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). O IGP-DI subiu 0,31% em março, acima do 0,20% registrado em fevereiro. No acumulado em 12 meses, o indicador passou de 8,24% para 7,97%. A inflação no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), cujo peso no IGP-DI é de 60%, passou de 0,09% em fevereiro para 0,12% em março.
"A taxa em 12 meses já começou a cair e vai desacelerar, porque não deveremos verificar ao longo do ano taxas mensais como as observadas no ano passado, acima de 1%. Tudo indica que tampouco haverá quebra de safra americana, como em 2012", disse Quadros, que não fez projeções para as taxas futuras dos IGPs. A inflação do IGP-DI de março mostrou, ao mesmo tempo, novo recuo no preço dos alimentos no atacado e forte disseminação de reajustes ao consumidor, onde o índice de difusão passou de 66,27% em fevereiro para 71,01% em março. Com isso, o IPC voltou a subir, de 0,33% em fevereiro para 0,72% em março.
Dentro do IPG-DI, levantamento com 15 produtos com produtos da mesma cadeia no atacado e no varejo (como leite, açúcar e feijão, entre outros), mostra que, na maioria dos casos, as altas acumuladas em 12 meses são maiores ao consumidor. Uma das exceções é o tomate, que no atacado acumula aumento de preço de 241% desde março do ano passado, e ao consumidor subiu 146% no mesmo período.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,12% em março, pouco acima do 0,09% de fevereiro, resultado de uma nova deflação nos preços dos produtos agropecuários. A variação foi de menos 0,72%, superior à queda de 0,48% do mês anterior. No IPA industrial, os preços subiram 0,46%, acima do 0,31% de fevereiro.
"A aceleração do IPA é reflexo do aumento de preços de alimentos, mas o indicador está em níveis baixos. Além da safra neste ano ser grande, os insumos industriais estão estáveis, o que se deve à atual dinâmica da indústria brasileira e também mundial, que está um pouco devagar", disse Quadros.
Dentro do IPA, os alimentos processados passaram de baixa de 0,86% em fevereiro para alta de 0,09% em março, enquanto no mesmo período os preços de materiais e componentes para a manufatura foram de -0,94% para -1,34%. A soja (em grão) diminuiu o ritmo de queda nos preços, de -6,31% para -4,58%, aceleração que também foi vista no leite in natura, de 0,17% para 2,6%.
O IPC, que representa 30% do IGP-DI, teve alta de 0,72% em março, após avanço de 0,33% em fevereiro. Três das oito classes de despesa que o compõem subiram mais no período - habitação (de -1,28% para 0,74%), vestuário (0,32% para 0,81%) e comunicação (0,33% para 0,45%). Alimentação manteve quase a mesma alta: 1,31%, ante 1,33% em fevereiro.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), em março, subiu 0,5%, depois de alta de 0,6% no mês anterior. Nessa base de comparação, o índice relativo a materiais, equipamentos e serviços subiu 0,48% ante alta de 0,44%, ao passo que o indicador do custo da mão de obra apontou alta de 0,52%, depois de avanço de 0,77%. "Em março, não houve mais influência do reajuste salarial dos trabalhadores de Belo Horizonte, o que ajudou o INCC a desacelerar", disse Quadros.
Para Quadros, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará "temporariamente" acima do teto da meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. Quadros projeta que o IPCA de março, que será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficará em 0,55%, acumulando 6,67% em 12 meses.
Segundo Quadros, o rompimento do teto da inflação é temporário, porque as taxas do IPCA do ano devem ser mais baixas do que de 2012, fazendo diminuir o acumulado em 12 meses do indicador.
Custo de vida na cidade de São Paulo sobe 0,78% em março
Puxado por alimentação e saúde, o Índice de Custo de Vida (ICV) na cidade de São Paulo teve um aumento de 0,78% em março, ante alta de 0,12% registrada em fevereiro, de acordo com dados divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Os grupos que tiveram as maiores altas foram alimentação (0,96%) e saúde (1,87%). Juntos, os dois segmentos responderam por 0,56 ponto percentual, ou 71% do índice em março.
Em alimentação, os principais vilões foram os produtos in natura e semielaborados, que fecharam o mês com alta de 1,33%. Os legumes subiram 10,69%, com destaque para o tomate (16,92%), pimentão (13,38%) e a vagem (10,67%). No caso de saúde, colaborou para a alta um aumento acentuado no item de assistência médica, que subiu 2,30%, devido aos preços de seguros e convênios médicos, que ficaram 2,76% mais caros.
O grupo transporte registrou alta de 0,66%, puxado por aumentos em gasolina (0,76%) e álcool (2,98%). Habitação subiu 0,43%, com destaque para telefonia (0,58%) e serviços domésticos (1,48%), além da alta em locação, impostos e condomínio (0,20%).
Veículo: Valor Econômico