O poder de consumo do brasileiro está se esgotando, e, aliado ao aumento geral de preços por qual passa a economia brasileira, o volume de produtos vendidos durante o segundo trimestre deste ano deve crescer menos do que no mesmo período de 2012. A conclusão decorre dos resultados de uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Administração (FIA).
"Temos uma expectativa de desaceleração no volume de produtos vendidos", disse Nuno Fouto, diretor de pesquisas e estudos do Programa de Administração de Varejo (Provar) da FIA.
Segundo Fouto, as transferências de consumo de um tipo de mercadoria para outro não estão acontecendo. "O maior problema é tirar o poder de compra. Quando [o consumidor] transfere, troca e escolhe outra cesta de produtos. Mas nosso índice mostra que o consumidor não está trocando, está parando de consumir", afirmou.
Para ele, o pior dos problemas atuais para o consumo é a inflação. De acordo com Fouto, inadimplência, comprometimento da renda e limite de crédito não ofereceriam tanto impacto negativo, mas a inflação sim: "Mantidas as outras condições, se não há aumento de preços, as vendas estariam mais positivas".
Ao mesmo tempo, em relação ao primeiro trimestre do ano, o consumidor deve fazer mais desembolsos. A pesquisa de intenção de compra, feita com 500 pessoas na cidade de São Paulo, mostrou que 59,2% dos paulistanos pretendem adquirir um bem durável entre os meses de abril e junho. O índice é 2,4 pontos percentuais superior ao dos primeiros três meses de 2013. De acordo com a FIA, a sazonalidade do período influencia o resultado - já que o Dia das Mães, em maio, é a segunda data mais forte do varejo.
Ao mesmo tempo, a intenção de consumo na internet caiu: 76,5% dos entrevistados pretendem fazer compras pela web no segundo trimestre. Nos primeiros três meses, o percentual era de 83,9%. Em relação ao segundo trimestre de 2012, quando o indicador estava em 85%, a queda foi maior, de 8,5 pontos percentuais.
A perspectiva de compra de imóveis também é a menor já registrada pela FIA desde o início da pesquisa trimestral, em 2009. Apenas 3,8% dos paulistanos pretendem adquirir um imóvel entre abril e junho. No entanto, a intenção de gasto é 60% maior em relação ao segundo trimestre do ano passado.
Veículo: Valor Econômico